A agenda internacional que percorreu três países europeus para conhecer iniciativas de sustentabilidade portuária terminou com uma avaliação favorável para o Estado: o Rio Grande do Sul tem condições para se posicionar como centro na transição energética da América Latina. A visita técnica tem a finalidade de desenvolver estudos voltados para a futura implementação o Projeto Porto Verde, que deve ser consolidado no Porto de Rio Grande até 2026 e busca alinhar o setor portuário gaúcho às melhores práticas globais.
A comitiva formada Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado (Sedec), Portos-RS e pelo Sindicato das Indústrias de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS) passou por quatro portos estratégicos: Bilbao (Espanha), Ostende e Zeebrugge (Bélgica) e Rotterdam (Países Baixos) entre os dias 10 e 14 de março de 2025. O objetivo foi discutir soluções inovadoras que podem ser aplicadas no Rio Grande do Sul para fortalecer a transição energética e tornar a infraestrutura portuária mais resiliente e sustentável.
Representando, a Sedec, o diretor-geral Leandro Evaltd destacou as ações para a competitividade gaúcha no setor. “Visitar esses portos que já adotam medidas de sustentabilidade energética foi fundamental para entender o funcionamento e, sobretudo, que o Rio Grande do Sul tem condições estruturais e geográficas para implementar essa prática sustentável no sistema portuário gaúcho”, disse.
“Essa missão foi fundamental para compreendermos o futuro do mercado de energia eólica offshore e o papel estratégico dos portos nessa transformação. Para Portos-RS, a missão foi uma oportunidade de entender como esse mercado está evoluindo e qual será o papel dos portos e terminais no desenvolvimento dessa nova indústria. À medida que a regulamentação avança e os leilões futuros se aproximam, os portos que estiverem melhor preparados terão um papel central como bases offshore, impulsionando a economia, gerando empregos e arrecadação de impostos. Agradecemos às agências internacionais pelo convite e seguimos fortalecendo nossa parceria com o Sindienergia e toda a diretoria”, destacou o gerente de Planejamento de Desenvolvimento da Portos RS, Fernando Estima.
“A missão internacional foi uma experiência transformadora para todos nós. Tivemos a oportunidade de conhecer de perto projetos que já estão revolucionando a infraestrutura portuária na Europa e podemos afirmar que o Rio Grande do Sul tem potencial para seguir esse caminho. As práticas sustentáveis observadas nos portos de Bilbao, Ostende, Zeebrugge e Rotterdam reforçam que a energia renovável deve ser a base do futuro do setor portuário. Nosso compromisso agora é garantir que as políticas públicas e os investimentos necessários sejam direcionados para tornar esse futuro uma realidade no nosso Estado”, afirmou a presidente do Sindienergia-RS, Daniela Cardeal.
O titular da Sedec, Ernani Polo, ressalta que para implementar ações de cunho sustentável é importante o Estado oferecer um ambiente favorável e juridicamente seguro. “A orientação do governador Eduardo Leite é de tonar o Estado cada vez mais competitivo para potencializar a atração de investimentos”, disse. Neste roteiro, Polo salientou o trabalho inclui a interlocução com a Secretaria do Meio Ambiente, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental e instituições financeiras, como o Badesul e o BRDE, para viabilizar operações de crédito necessários para os projetos. “Nossa missão é garantir que os investimentos que chegam no Estado permaneçam pelo resguardo jurídico e econômico ao escolher o Rio Grande do Sul como destino para seus negócios”, destacou.
Referências portuárias em sustentabilidade
O protocolo de intenções para o Porto Verde foi assinado em dezembro do ano passado pela Portos RS e Sindicato das Indústrias de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS) para o projeto Porto Verde. A iniciativa tem como objetivo o de um sistema de geração de energia a partir de fonte eólica, promovendo energia limpa e renovável. Os portos inlcluídos no roteiro são referência em práticas sustentáveis.
Porto de Bilbao: energia renovável em destaque
A primeira parada da missão foi no Porto de Bilbao, onde a comitiva conheceu de perto o Punta Solana Dock, um projeto pioneiro de transição energética. Desde 2005, o local abriga um parque eólico com cinco aerogeradores Siemens Gamesa, com capacidade total de 10 MW. Além disso, a infraestrutura inclui:
• Construção de um dique inclinado com materiais sustentáveis para expandir e reforçar a estrutura do porto;
• Ampliação da capacidade portuária com a criação de 31,2 hectares de nova área e mais 1.011 metros de berços de atracação;
• Novos investimentos de projetos de energia solar flutuante, energia maremotriz e hidrogênio verde.
A experiência reforçou como a combinação de energia renovável e infraestrutura moderna pode tornar os portos mais eficientes e competitivos.
Bélgica: a importância da conexão entre offshore e portos
A segunda etapa ocorreu na Bélgica, onde a comitiva visitou a Ilha Princesa Elisabeth, um projeto inovador que integra parques eólicos offshore com infraestrutura portuária. A iniciativa destaca a importância do planejamento adequado dos pontos de conexão de energia, garantindo eficiência no despacho energético.
O grupo também a participou do evento Belgian Offshore Days, em Ostende. Durante o encontro, especialistas e representantes do setor discutiram o futuro da energia eólica offshore e os desafios para o Brasil. A troca de experiências reiterou a necessidade de integração entre tecnologia, investimentos e políticas públicas para o avanço do setor.
Porto de Rotterdam: rumo a um futuro sem carbono
Em Rotterdam, um dos maiores portos do mundo, a comitiva teve contato com estratégias inovadoras para descarbonização da infraestrutura portuária. O destaque foi o Projeto de Dique de Contenção Energética, que combina proteção contra inundações com geração de energia. O projeto conta com dunas artificiais com aerogeradores compostas por turbinas Vestas V162 instaladas na faixa de areia quanto no topo das dunas e meta de emissão zero, na qual o porto pretende ser totalmente livre de emissões de carbono até 2050, com incentivos para eletrificação e fontes renováveis de energia.
Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Econômico