O líder da Oposição na Câmara, deputado federal Zucco (PL-RS), juntamente com os vice-líderes, protocolou um requerimento de informação solicitando esclarecimentos aos ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius Carvalho, sobre a regularidade da aceitação do cargo de “presidente de honra” por um ministro de Estado em uma associação privada com interesses no governo. O pedido de informação tem como foco o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que foi vinculado à entidade China Hub Brasil, apoiada por empresas chinesas do setor de saúde.
De acordo com a justificativa apresentada no requerimento, veiculada inicialmente pelo jornal Metrópoles, Padilha teria aceitado o cargo honorífico em uma organização financiada por corporações chinesas com interesses diretos no Ministério da Saúde. A entidade foi lançada oficialmente em 14 de março de 2025, contando com patrocínio de empresas como Mindray, Tegma, Huawei e o Banco da China.
Para Zucco, a situação levanta sérias dúvidas sobre a transparência e a probidade administrativa. “Se um ministro da Saúde aceita um cargo honorífico em uma entidade financiada por empresas que fazem negócios diretamente com seu ministério, estamos diante de um evidente conflito de interesses. A população tem o direito de saber se as decisões tomadas no Ministério estão sendo guiadas pelo interesse público ou por pressões privadas”, afirmou o parlamentar.
O documento também aponta que reuniões entre representantes da China Hub Brasil e o gabinete de Padilha foram omitidas da agenda oficial do ministro, o que reforça as suspeitas sobre a lisura do caso. Para Zucco, a omissão de informações desse tipo é inaceitável: “O sigilo dessas agendas fere princípios fundamentais da administração pública, como transparência e publicidade dos atos governamentais”, ressaltou.
O requerimento também menciona que a Comissão de Ética Pública (CEP) foi consultada sobre a participação de Padilha na associação, mas a análise foi feita com base em seu cargo anterior, como ministro de Relações Institucionais, e não no Ministério da Saúde, onde o conflito de interesses se tornaria mais evidente.
Diante da repercussão do caso e da pressão política, Padilha desistiu do cargo honorífico, mas para os deputados autores do requerimento, isso não basta. “O simples fato de ter sido cogitada essa participação já representa um alerta para os mecanismos de controle do governo. Precisamos de uma investigação aprofundada e de respostas claras”, concluiu Zucco.