Foi num final de tarde, não sei se ontem, ou um pouco antes. Oriovaldo Grecelle e Guilherme Bassedas tem o costume de matear, conversar e trocar idéias, onde prevalece o respeito, a fidalguia e o bem comum. Homens distintos, diferentes mas dá boa cepa. Ambos, cada um seu modo, ajudaram a escrever a história de Santana do Livramento, município que não apenas faz fronteira com Rivera, mas se irmana e se mistura com ela, aliás, quem conhece a Sarandi descobre nela uma avenida que aproxima e respeita as culturas do Brasil e do Uruguai. Neste universo não há espaço pra rusgas, ofensas, axincalhe, desrespeito, as controvérsias, naturais nas relações humanas, estão sempre no nível dos honrados cidadãos Santanenses, muitos reconhecidamente doble chapa. A história do município foi escrita, além dos grandes homens referidos, por Paixão Cortes, Flores da Cunha, Nelson Gonçalves, dentre outros, desnecessário adjetivar. Todos contribuíram pro fortalecimento desta graciosa cidade, desde a fronteira ao Cerro de Palomas, tantas vezes contada pelo inteligente manejar das palavras de Juremir Machado, outra cria do Município.
Santana do Livramento merece o povo que tem.
Não é que nesta mateada, ali na casa do grande Arquiteto do Universo, Oriovaldo e Bassedas estavam taciturnos e o silêncio se fez perplexidade. Não foi diferente com os três personagens que puxaram banco pra acompanhar o chimarrão, Paixão, Nelson e o General. Outros
chegaram, todos ali eram do bem.
O que teria acontecido nesta semana que se finda? Santana do Livramento foi chacota nacional como se o episódio fosse a fotografia da cidade e o costume dos cidadãos.
O povo de Santana não merece isso.
A Câmara de Vereadores, voz, vez e representação de todos os Santanenses, admitiu como natural, silenciou frente a vergonha e nada fez que honrasse o voto recebido dos eleitores, pouco importa o partido, a ideologia e o bem comum, quando dois vereadores dividiram o microfone, pasmem, não para defender idéias, a fiscalização da cidade e o bem estar dos cidadãos, mas pra proferir impropérios, insultos, ofensas, chegando a colocar a todos os presentes, as redes sociais, ao país e ao mundo, as suas relações, pessoais, amorosas, envolvendo, inclusive, traição e dívida financeira entre si, como se o plenário fosse a casa da mãe Joana . Pior, muito pior, como se a postura ética fosse a postura ética de todos os Santanenses. Certamente não.
A mateada lá em cima continuou silenciosa e envergonhada, nada podem fazer. Quanto a Câmara de Vereadores, uma resposta tem que ser dada, o triste episódio que os dois Edis protagonizaram não pode representar a marca do povo da fronteira.
Não sou filho deste belo torrão fronteiriço, teria muito orgulho se fosse. Assim, me somo aos incontáveis indignados que não admitem tal pequenez. Quero quer que uma resposta será dada.
Santana do Livramento não merece. É muito maior que tudo isso.
Eduardo Battaglia Krause
Advogado e escritor
Porto Alegre, 14 de fevereiro de 2025.