Resumo de sábado – 25/01/2025
Edição de Chico Bruno
Reportagens de capa
VEJA: Retoque na imagem
Acossado por uma série de tropeços e com a popularidade estagnada, perigando embicar para baixo, Lula resolveu reforçar o ministério com um marqueteiro. As metas são claras: conter a surra que a direita tem dado no governo e na esquerda nas redes sociais, recuperar a credibilidade da atual administração e fortalecer o projeto eleitoral da situação. Como disse o presidente, 2026 já começou. Responsável pelas campanhas vitoriosas ao governo da Bahia dos petistas Jaques Wagner, líder do governo no Senado, e Rui Costa, chefe da Casa Civil, o marqueteiro Sidônio Palmeira voltou ao jogo nacional com desenvoltura. Ele trouxe profissionais consagrados para a sua equipe, demitiu apadrinhados políticos, inclusive da primeira-dama, Janja, cuja influência no governo é ainda maior na área de comunicação, e já traçou algumas estratégias para reagir à oposição. Uma delas é sempre tentar pautar o debate, inclusive nas redes sociais.
CartaCapital: Lewandowski vai à guerra
Lewandowski acolhe sugestões de governadores e apresenta nova versão da PEC para organizar e padronizar a atuação integrada das forças de segurança em todos os níveis — federal, estadual e municipal. O que muda se a proposta for aprovada e qual é o plano do governo para deter o avanço do crime organizado?
Crusoé: O sequestro do Estado
Como Lula e o PT se apoderaram das instituições brasileiras.
ISTOÉ: O governo está perdendo a guerra
Sequência de trapalhadas ao se comunicar abalou a imagem do Planalto. Escondeu o lado bom e jogou luz sobre o ruim. A mais recente, o recuo no caso Pix, detonou um fuzilamento de memes e fake news que por pouco não destruiu a credibilidade da ferramenta. Enquanto isso, a direita, mais ágil e competente, deita e rola nas redes sociais. Reconstrução está a cargo do novo ministro Sidônio Palmeira. Mas Lula, Haddad, ministros e petistas precisam cooperar.
Comunicado – A Editora Três, dona das publicações Istoé e Istoé Dinheiro, comunicou às bancas nesta sexta-feira (24) que interromperá a impressão de ambas as revistas. As duas publicações ainda têm cerca de 20 jornalistas, alguns formalmente contratados via CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e outros prestadores de serviço Pessoa Jurídica (PJ), que estão em greve desde dezembro por conta de atrasos nos salários. Os domínios Istoé.com e Istoédinheiro.com já não pertencem à Editora Três há quase três anos. Eles foram arrematados, junto com outros sites abrigados no portal da editora, por R$ 15 milhões em 2022, em um dos leilões do processo de recuperação judicial da companhia.
Manchetes dos jornais
Valor Econômico – Não circula aos sábados
FOLHA DE S.PAULO – Comida pressiona inflação; governo diz que reduzirá imposto para baixar preço
O GLOBO – Alimentos seguem em alta, e governo fala em cortar taxa de importação
O ESTADO DE S.PAULO – Governo incentivará importação para tentar baratear alimentos
CORREIO BRAZILIENSE – Governo vai reduzir alíquota de importação de alimentos
Destaques de primeiras páginas e fatos mais importantes
Olho vivo – O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse nesta sexta-feira (24) que o governo federal está monitorando os preços dos alimentos no mercado interno e no exterior e que pode reduzir alíquotas de importação para ajudar a baratear os produtos. “Todo aquele produto que estiver com o preço interno maior do que o preço externo, nós vamos atuar de imediato, por exemplo, na alíquota de importação”, afirmou o ministro a jornalistas. Rui Costa descartou a adoção de medidas consideradas “heterodoxas”, citando em particular subsídios, tabelamento, entre outras estratégias. Disse ainda que não haverá os “fiscais do Lula”, em referência aos fiscais do Sarney dos anos 1980. “Atuaremos na redução de alíquota para forçar o preço a vir, pelo menos, para o patamar internacional”, acrescentou Rui Costa. A inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) desacelerou a 0,11% em janeiro, após marcar 0,34% em dezembro, apontam dados divulgados sexta (24) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A taxa de 0,11% é a menor para meses de janeiro na série histórica desde o início do Plano Real —a moeda passou a circular em julho de 1994. Ainda assim, o resultado ficou bem acima da mediana das projeções do mercado financeiro.
Servidores contra – Marco Cicero Noce de Paulo Maciel pediu exoneração do cargo de diretor-executivo da recém-criada Fundação IBGE+, pivô da crise que se intensificou no IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Maciel é servidor aposentado do instituto. Para o seu lugar, foi nomeado o economista e professor universitário Licio da Costa Raimundo. As informações constam em portarias assinadas nesta quinta (23) pelo presidente do IBGE, Marcio Pochmann. O estatuto da nova fundação, uma iniciativa liderada por Pochmann, possibilita a captação de recursos privados para a realização de trabalhos. Servidores do IBGE demonstram preocupação com esse ponto e afirmam que a nova estrutura foi desenhada de maneira silenciosa, sem consulta ao corpo técnico. Críticos apelidaram a IBGE+ de IBGE paralelo.
Projeto para proibir criação de fundação – A senadora Tereza Cristina (PP-MS) apresentou projeto de decreto legislativo que suspende a criação de uma fundação pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), medida que está na origem de uma disputa entre a direção e servidores do órgão. A fundação, que seria chamada de IBGE+, vem sendo apontada pelos funcionários como uma espécie de “instituto paralelo”, porque poderá captar recursos para pesquisas junto ao setor privado. Eles apontam o risco de sucateamento e quebra da credibilidade da instituição. De acordo com o projeto da senadora, a criação da fundação por decreto, sem autorização específica do Congresso, ficaria proibida.
Certidão de óbito de Rubens Paiva é corrigida – A certidão de óbito de Rubens Paiva, cuja história é contada no filme “Ainda Estou Aqui”, foi retificada nesta quinta-feira (23) para constar que o ex-deputado teve morte violenta e causada pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar. A informação foi revelada pela TV Globo e confirmada pela Folha. A nova versão do documento indica que a causa da morte foi “não natural; violenta; causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política do regime ditatorial instaurado em 1964”. Na versão anterior, emitida no ano de 1996 pelo cartório da Sé, em São Paulo, após mobilização de Eunice Paiva, mulher de Rubens, pelo reconhecimento da morte do marido, constava apenas que ele tinha desaparecido em 1971. A mudança atende a uma determinação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) de dezembro do ano passado para que cartórios de registro civil lavrem ou corrijam os documentos de pessoas mortas e desaparecidas políticas.
Caso Rubens Paiva aguarda desde 2014 decisão – Depois de 54 anos, um dos mais conhecidos crimes da ditadura militar ainda não tem definição sobre a possibilidade de punir os acusados, hoje protegidos pela Lei da Anistia. Um dos recursos relacionados à morte do ex-deputado Rubens Paiva foi encerrado no último dia 9 no STF (Supremo Tribunal Federal). O outro, apresentado em 2021, ainda não teve decisão. Os dois processos tratam do mesmo tema e são relatados pelo ministro Alexandre de Moraes. Por meio do caso, o STF pode ainda rever a abrangência da Lei de Anistia. O Ministério Público Federal provocou a corte em uma das ações para argumentar que determinados crimes cometidos pela ditadura não podem ser anistiados. Em 21 de novembro, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, se manifestou pelo encerramento de um dos processos, aberto pelos advogados dos réus, sob o entendimento de que parte dos envolvidos já morreu. O pedido foi acatado pelo relator. Por outro lado, o PGR afirmou que a discussão deve seguir na outra ação, que questiona a anistia dos militares.
A última palavra – Com dificuldades de consolidar uma base no Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terminou o segundo ano de seu atual mandato na Presidência com um número recorde de vetos derrubados por deputados e senadores até a primeira metade da gestão: 28. Diante da possibilidade de novos reveses que já se desenham, o governo planeja uma reforma ministerial que tem como um dos objetivos tornar a relação com o Parlamento mais harmônica. O levantamento foi feito com base nas informações disponibilizadas pelo Congresso, que compila a série histórica desde 1994. E o volume pode aumentar na largada da metade final do mandato. Do mês passado para cá, o presidente vetou trechos de projetos que provocaram reação negativa em setores do Legislativo — e já há movimentação para reverter as decisões. Um dos casos que gerou mais turbulências foram os vetos a trechos da proposta que flexibiliza o pagamento das dívidas dos estados. Governadores já disseram publicamente que vão atuar para derrubá-los por entenderem que as condições de renegociação ficaram piores do que as aprovadas pelo Parlamento. Há uma pressão para que seja convocada uma sessão do Congresso, o que deve ocorrer em março. Em fevereiro, as duas Casas escolhem novos presidentes: Davi Alcolumbre (União-AP) é favorito a assumir o Senado, e Hugo Motta (Republicanos-PB), a Câmara.
Auxiliar de Torres discutiu cerco a eleitor do PT em 2022 – Diretora de Inteligência da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça e Segurança Pública no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, Marília Alencar manifestou preocupação em troca de mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF) com a situação do policiamento em cidades onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia sido mais bem votado no primeiro turno das eleições. As conversas são de 2022 e estão no inquérito da PF que indiciou Marília, o ex-ministro Anderson Torres, o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques e outros três delegados da PF.
MST pressiona governo por reforma agrária – O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou uma carta, nesta sexta-feira, na qual pressionou o governo Lula (PT) a assentar 100 mil famílias que, nos cálculos do movimento, seguem acampadas pelo país. Além de criticar a atuação do governo petista e contestar os cálculos de assentamentos divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, o MST também criticou o Congresso Nacional pelo que classificou como “atuação perversa” em defesa do agronegócio. O documento, assinado pela coordenação nacional do MST, marcou a conclusão de quatro dias de reunião da cúpula do grupo, em Belém (PA), nesta semana. Na carta, o MST alegou que há uma “paralisação da reforma agrária” no atual governo, contestando o nível de entrega da administração petista em uma das principais bandeiras históricas do partido. Em dezembro, o Ministério do Desenvolvimento Agrário, chefiado pelo petista Paulo Teixeira, afirmou que o governo Lula assentou 71,4 mil famílias ao longo de 2024. Os dados, porém, são contestados pelo MST. Segundo o portal “Repórter Brasil”, uma das coordenadoras do movimento, Ceres Hadich, alega que não houve quaisquer assentamentos criados em 2024. De acordo com a publicação, das famílias que o governo contabiliza como “assentadas”, pouco mais da metade — 38,9 mil — passaram por um processo de regularização, o que não é contabilizado como assentamento por parte do MST.