Gilberto Jasper
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Cativante, manipulador e agressivo. Assim foi descrito mais um golpista considerado “líder espiritual” que criou uma comunidade na região metropolitana de Porto Alegre. O assunto virou manchete na semana passada.
Segundo as primeiras conclusões da polícia, o vigarista é responsável pelo desvio de R$ 20 milhões, obtido graças à crença de inúmeras pessoas de que ele, realmente, tinha poderes sobrenaturais capazes de fazer os incautos encontrar a paz.
Vez por outra surgem histórias com estas mesmas características. Numa época de comunicação plena, confesso certa dificuldade em acreditar que tantas pessoas – com razoável poder aquisitivo e formação – acreditem em charlatões cujo comportamento remonta há décadas. O golpe é tão antigo quanto o já histórico “conto do bilhete” ou, o mais atual, conhecido como o “golpe do nudes”.
Analisando sob vários aspectos, cheguei à conclusão de que é grande o contingente de pessoas que buscam algum apoio do tipo “salvador” para resolver seus problemas principalmente emocionais. Tenho amigos e amigas que dedicam finais de semana à convivência com “magos e bruxas” – isso mesmo! Esses amigos desembolsam altos valores e por alguns dias alimentam a ilusão de que, sim, encontraram o bálsamo para os males espirituais.
Costumo reagir com discrição e sem comentários aos relatos entusiasmados, quase sempre feitos nos primeiros dias “pós-milagre”. Adoto esta postura em nome da amizade, muitas vezes de longa data, e para não ferir ilusões que, para mim, parecem óbvias. No fundo, sinto pena, e aqui não se trata de alguém amargurado ou de ser um cético incurável.
Passadas algumas semanas, estes meus amigos cessam os comentários sobre a experiência espiritual que custou muito dinheiro e tempo. Mas esta postura muda alguns dias depois, quando descobrem novas práticas, gurus e modalidades para salvar as pessoas.
Muitos leitores dirão, com razão, que há séculos há cristãos que jamais viram Jesus Cristo “ao vivo” ou conversaram com Deus. Como sempre dizia meu pai, o equilíbrio nunca está nos extremos, mas sempre no meio termo. Por isso, para muita gente, acreditar é o combustível de sua existência, mas é preciso ser minimamente racional. Para evitar frustrações, depressão e prejuízos.