qua, 27 de novembro de 2024

Variedades Digital | 23 e 24.11.24

Cães abandonados no loteamento Mirante Del Bosque encontram carinho na comunidade

Um dos cuidadores, Eloi Luft, alimenta diariamente os animais
Eloi Luft alimenta diariamente os quatro cães deixados no loteamento Mirante Del Bosque. Foto: Marcelo Pinto/AP

À primeira vista, olhares tímidos e curiosos. Afinal, após um primeiro abandono ou maus tratos, alguns cães podem demorar a confiar em pessoas. Contudo, o comportamento muda rapidamente após ouvirem o ruído do motor do veículo de uma pessoa: Eloi Luft. O engenheiro-agrônomo formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e servidor público municipal lotado na Secretaria da Agricultura é responsável pela supervisão ambiental do loteamento Mirante Del Bosque, no bairro Planalto, e um dos ‘tutores’ dos quatro cães que, na comunidade, encontraram uma nova família.

A reportagem do Jornal A Plateia conversou com Luft sobre o cuidado do supervisor com os cães. De acordo com ele, inicialmente cinco cães viviam no local durante a construção do loteamento em 2018. Desde então, uma fêmea foi adotada por um morador e os outros quatro são alimentados pelos vizinhos. Uma fêmea também possui tutor – a julgar pela coleira branca que exibe no pescoço – porém se acostumou a conviver com os demais cães.


“Aí chegou um ponto em que a parte das obras parou. A estrutura estava pronta e começou a obra das casas […] E eles continuaram aqui. Então como eu vinha, e venho todos os dias, eu acabo trazendo osso, arroz, comida que sobra, eu trago para cá. Todos os dias”, conta Luft.


Durante o período de férias ele conta que costuma comprar, do próprio bolso, ração para que os animais não fiquem sem alimento. A turma de cães do loteamento já foi batizada pelo efetivo da Secretaria de Agricultura, é a “Turma da Bolacha”.

“A gente vai guardando os lanches da semana. Sobrou um pão, guarda na geladeira, sobrou uma bolacha, vai guardando. Na sexta-feira eu recolho e trago para cá. Então virou a Turma da Bolacha. Os guris também, entre aspas, adotaram eles como parceiros porque eu também venho para cá”, diz Eloi sobre a relação dos colegas com os cães.

“Sempre Tem Alguém Cuidando”

Na ausência de Luft, a Associação Santanense de Proteção aos Animais (Aspa) entra em ação e assume os cuidados. Duas voluntárias alimentam e dão água aos cães. “Sempre tem alguém cuidando”, reiterou o supervisor ambiental. No entanto, “não por obrigação, mas por consideração aos bixinhos”, completa.

 

Para evitar a reprodução descontrolada, as fêmeas foram castradas dentro do projeto oferecido pela Prefeitura Municipal de Sant’Ana do Livramento. Conforme Eloi, as duas cadelas mais velhas já deram ‘cria’ de até 12 cães, contudo, nenhuma sobreviveu em função de parvovirose canina, entre outras doenças. O esquema vacinal dos animais é outra preocupação. O supervisor conta que a Aspa administra remédios para carrapatos, pulgas e vermes nos animais e lembra que “eles têm um cuidado. Não igual ao cães que temos em casa, mas ainda sim tem um cuidado direto […] doenças eles não tem nada, não tem sarna, não tem carrapato, não tem vermes, são todos bem cuidados”.

Eloi se desdobra entre cumprir horário na Secretaria de Agricultura, supervisionar a estrutura do loteamento e, à tarde, cuidar dos quatro cães do loteamento Mirante Del Bosque. “Eu venho aqui, dou comida e vou fazer minhas voltas”, diz ele. Além disso, a timidez da “Turma da Bolacha” dura pouco. Assim que Luft dá partida no veículo, os animais seguem em disparada o tutor.

“Se eu parar na esquina, eles vão, param e ficam na volta. Eu saio mais 10 metros, eles param e ficam na volta também. […] Eles são muito territorialistas. Se eu saio daqui dos trilhos, daquela rua para fora, eles voltam”, conta Eloi.

Cientificamente, os cães costumam seguir aqueles a quem amam. É uma demonstração de afeto e lealdade. Ademais, como são animais de matilha, veem seus tutores como parte do grupo. Por isso, gostam de estar próximo de quem lhes oferece amor, seja em forma de carinho ou comida, água e brincadeiras. Confira o momento em que os cães seguem o tutor.

 


“O horário que eu venho, a comida sempre vem junto […] estão sempre bem alimentados. Eles tem casinha ali no mato, para eles dormirem. Então eles tem abrigo da noite durante a chuva. No frio ou no inverno, tem cobertor”, pontua o cuidador.


 

Esta reportagem possui cunho retratativo, conforme estabelecido em ação judicial. Ademais, ela busca informar a respeito das ações de cuidado com os cães realizadas pelo Senhor Eloi Luft, no Mirante Del Bosque, em Sant’Ana do Livramento.

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