Gilberto Jasper
Na maioria dos municípios o processo eleitoral foi presente no domingo, hoje é passado, mas vai impactar diretamente no futuro de pelo menos quatro anos. Muito se escreveu sobre as características especiais do pleito de 6 de outubro, com destaque para a situação de pós-enchente vivida na maioria das comunidades gaúchas.
O ideal seria adiar a eleição em municípios mais duramente impactados pelas cheias, com ênfase para o Vale do Taquari. A região, composta por 36 municípios, foi devastada pela catástrofe climática. Em alguns casos foram três ocorrências em apenas sete meses. Mas, como sempre digo aos filhos, vivemos no mundo real, bastante diferente daquele que gostaríamos – o chamado mundo ideal. A disputa rachou comunidades onde ainda há pessoas vivendo em ginásios, abrigos e casa de parentes e amigos. A energia – e os recursos – que deveria ser empregada para recomeçar, foi gasta na peleia por votos.
Passada a disputa, o mundo ideal – olha ele aí outra vez! – determinaria a ocorrência de uma relação fraterna, deixando as mágoas eleitorais para trás a fim de olhar para frente e reconstruir o que foi destruído pelas águas.
Depois de inúmeras eleições, noto que algumas características se repetem. A grande abstenção chama a atenção, fenômeno talvez respaldado pela descrença na política tradicional. É difícil explicar ao eleitor que abster-se pode ser um protesto, mas abre espaço para oportunistas, Eleição municipal é chance de ouro para eleger representantes que impactam decisivamente em nosso cotidiano.
Outra característica é o tímido surgimento de novas lideranças. Velhos caciques, as “raposas felpudas” dominam o cenário estadual e nacional. Quando saem de cena “fazem o sucessor” para manter o sistema de décadas que se perpetua em vários municípios e capitais.
Finda a eleição resta olhar para a frente, sem mágoas, vendetas ou boicotes àqueles que lograram êxito. Não é um comportamento fácil para aqueles que se acham injustiçados ou sofreram ataques de baixo nível ou baseados em fake news. Resta o tempo – o senhor da razão – que permite preparar novas candidaturas para. Quem sabe, daqui a quatro anos. O bem-estar do município é mais importante que qualquer indivíduo.