Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]
A escrita sempre foi uma atração irresistível para mim. Desde as primeiras aulas de caligrafia, na Escola Luterana de São Paulo, em Arroio do Meio, onde nasci. Ao contrário dos colegas, curtia repetir à exaustão rabiscos de palavras cujo significado desconhecia.
Com o passar dos anos, tomei gosto por redação. Depois, no Colégio São Miguel, de freiras, venci concursos. Já naquela época lia poucas obras literárias. É uma falha da qual me penitencio e faz muita falta. Sim, o tempo passou, a “juventude” se foi, a velhice chegou e continuo sendo um péssimo leitor. Prefiro jornais, revistas e noticiários de televisão, mas principalmente de rádio.
Os gênios da escrita têm um dom incrível. Muitos aperfeiçoam o talento natural através de exercício, ótimas leituras e uma autocrítica ferrenha, arma de grande potencial de eficácia. Outros, metidos a cronistas – como este que vos digita – escrevem à exaustão e como tudo, com o passar do tempo, conseguem melhorar. Mesmo que seja um pouco, o hábito frequente de escrever permite evitar erros, apesar dos vícios que podem ser facilmente detectados mediante uma leitura mais atenta.
Na “escrita”, tenho ídolos, todos jornalistas. Alguns foram colegas de redação. É o caso do meu guru: Nilson Cézar Mariano, multipremiado profissional aposentado das redações, mas emprestando talento em outras áreas. O texto dele é tão incrível que basta ler em voz alta para imaginar com exatidão as características dos personagens, do ambiente ou do episódio.
Hoje em dia é cada vez mais difícil admirar um profissional de imprensa. A paixão por políticos, partidos e ideologias ofuscou grande parte de colegas que foram meus ídolos por décadas. Eram figuras inspiradoras, mas esqueceram dos compromissos básicos para a função: isenção e imparcialidade, exigências dispensáveis apenas a colunistas e comentaristas. Estes, sim, são remunerados para realizar análises e ter posicionamentos, ao contrário de apresentadores e repórteres que devem apresentar os fatos mostrando ponto e contraponto para que o público faça o julgamento. Atualmente proliferam opiniões tendenciosas, sobram absurdos e carecemos de ética, coerência e respeito com leitores, ouvintes, telespectadores e internautas.