Buenas!
Lembram da música da seleção de 1970? “90 milhões em ação, pra frente Brasil, do meu coração!” Não era nascido, passei a acompanhar a partir da copa de 1982. Lembro de ver reprises dos dribles de Pelé e Rivelino e o noticiário no cinema, no “Canal 100”, que antecedia os filmes. Agora, as resenhas são contraditórias em si mesmas…
Notícias alvissareiras: segundo o IBGE, o Brasil, após atingir o assustador número de 220 milhões de habitantes em 2040, terá uma redução drástica de sua população, baixando dos 200 milhões, lá por 2070.
Notícias terríveis: segundo o IBGE, o Brasil, após atingir o ápice populacional de 220 milhões de habitantes em 204o, terá um decréscimo gritante para até 199 milhões de residentes, em meados de 2070.
As notícias acima apresentam a mesma informação, mas o fazem de modo não só oposto, colocam uma contra a outra. Em tempos dicotômicos, quando cada um entende o que quer da mesma informação, ou ainda, quando cada um só ouve o que sua visão de mundo recomenda ver, não seria difícil ler estes parágrafos acima estampados em sites de notícias país afora. E nenhum traria mentiras!
Já se disse na vida que tudo é questão de perspectiva. Talvez tenha sido Brunelleschi, que colocou em prática as leis que iriam moldar o Renascimento, ou Alberti, que teorizou em livro as experiências do arquiteto florentino, ambos viveram e criaram no século XV. Sem eles, provavelmente, não teríamos Leonardo da Vinci, muito menos a Mona Lisa.
Os números do IBGE devem ser colocados em perspectiva. Olhando pela ótica econômica, ela é deveras preocupante! reduzindo o número de habitantes, cairá radicalmente a arrecadação do país, a fonte de contribuição que mantém, por exemplo, as aposentadorias sendo pagas. Se hoje já está difícil, imaginem em 2070!
É certo que os sessentões de hoje são mais fortes e saudáveis que os sexagenários dos anos 2000, quando eram menos de 9%. Hoje são mais de 15% da população. Em 2070 serão quase 40%. Ou seja, aposentar-se antes dos 60 anos num futuro próximo pode complicar bastante a economia de um país, ou melhor, será inviável!
Não por acaso, já houve uma reforma no Brasil, em 2019, e haverá outras. Na França, em 2010, apesar de protestos e greves, o governo Sarkozy aumentou de 60 para 62 a idade mínima para se aposentar. Ano passado, treze anos depois, o governo Macron aprovou nova reforma, aumentando para 64 a idade mínima para aposentadoria, apesar de novos protestos e greves.
Contudo, olhando por outra outra ótica, outra perspectiva, pergunto: freando o acelerado proliferação populacional, que já passou dos 8 bilhões, faríamos um bem para o planeta, reduzindo o aquecimento global e a sanha insana pela produção de alimentos para tanta gente.
Há um livro que trata disso. Um ricaço parte da premissa de que há gente demais no mundo e faz o supremo sacrifício de criar uma arma biológica para reduzir a população mundial, sem filtros, sem dó nem piedade. “Inferno” foi lançado em 2013 por Dan Brown e fez um grande sucesso.
O professor Robert Langdon, herói dos livros do autor americano, tenta salvar a humanidade, perambulando por cenários históricos de Florença, Veneza e Istambul. Só por isso o livro já vale o preço de capa. Mas a trama histórica e a tentativa de impedir o sucesso do vilão que quer reduzir a população mundial, vale muito mais.
O livro prende, como todos os outros dele, e tem um desfecho mais do que surpreendente. Recomendo a leitura, com ênfase, pois nos faz refletir sob outra perspectiva, para onde vamos com tanta gente no mundo.
Para encerrar, não podemos esquecer de Einstein. Quando criou sua teoria da Relatividade, publicada em 1905 e 1915, nos disse que tudo é relativo, dependendo do ponto de vista que abordamos o problema. Bem, ele nos disse muito mais, é óbvio, mas pulemos os detalhes e entremos no problema que nos cabe.
Neste caso em específico, o nosso problema é duplo, de difícil resolução. Se por um lado há pessoas demais, temos de encarar o fato que a população está ficando velha, e ficará mais ainda nas próximas décadas. Se morre pouco, em comparação com o século passado.
Soma-se a isso o fato de que cada vez as pessoas fazem menos filhos, quando o fazem, não são os sete ou oito que minha avós produziram em série, ou os quatro que minha mãe teve, são 1,5 filhos, em média, segundo IBGE. Não me perguntem onde vive e qual o gênero desse 0,5, mas ele vive e no Brasil!
Assim como os renascentistas quiseram inovar e crescer, os brasileiros também o quiseram em 1970, conforme a letra da música “Pra frente Brasil”, de Miguel Gustavo. E conseguiram!
Agora cabe a nós, a geração que que vai preparar o terreno para o povo que vai habitar este planeta em 2070. Precisamos garantir que ele esteja habitável, com oscilação climática aprazível, além de uma economia estável, para dizer o mínimo. Nem precisa estar no azul.
E nem tentem me enganar! Pretendo estar aqui para conferir, mesmo que vocês sejam 199 milhões! Estarei com 97 aninhos, com certeza nadando, mesmo que vá de cadeira de rodas, sorridente como Einstein. E, já que tudo é relativo, dependendo da perspectiva, atento ao trabalho de vocês, jovens idosos do futuro!!!!