Nessa semana produtores rurais, técnicos e autoridades agropecuárias do Uruguai, Brasil e Argentina estiveram participando nos dias 8 e 9 de agosto, da “Jornada de Actualización en el Control y Combate a la Garrapata”, promovida pela Dirección General de Servicios Ganaderos del Uruguay ocorrida no teatro municipal de Rivera.
Um parasita tão pequeno, mas que causa um grande estrago por onde passa proporcionando perdas milionárias na economia, o carrapato é um dos ectoparasitos mais prejudiciais para a agropecuária em regiões tropicais e subtropicais. A presença desse parasita em larga escala nos bovinos causa diversos prejuízos como a diminuição do apetite, perda ou atraso de ganho de peso, riscos de abortamentos e lesões de pele e anemias. Portanto, há impacto direto por danos na bovinocultura de corte e menor produção de leite.
Segundo o ministro da Ganederia do Uruguai, Fernando Matos, em entrevista ao Jornal A Plateia durante o evento, o país vizinho tem perdas na casa de 50 milhões de dólares no setor por conta das doenças causadas pelo carrapato. “ Nós entendemos que essa é uma campanha de todos os atores: veterinários oficiais, veterinários em exercícios, produtores, tecnologia, ciência e pesquisa que deverão proporcionar ações de maior defesa. Na realidade, o que nós queremos é alinhar todos os atores para combater de forma conjunta, da mesma forma que lá no campo o produtor não consegue lidar com essa problemática sozinho. Nós estamos fazendo essa campanha sanitária porque o Uruguai está afetado, parcialmente, em 30% área de produção pecuária e 40% do rebanho está nessa condição, mas temos neste sistema também setores onde os animais apresentam multirresistência para a ação de produtos veterinários, onde nós teremos que aplicar técnicas consorciadas com novas fórmulas desenvolvidas pelos laboratórios. Estimamos, em perdas anuais no setor, entre 50 a 60 milhões de dólares, isto não parece ser muito, mas é um custo crescente. E temos aqueles custos que não podem ser estimados como as perdas de oportunidade de negócios, perdas de valor comercial quando se é devolvida uma carga, os custos de manejo que não estão computados neste cálculo.
O ministro explica que além dos prejuízos causados diretamente aos animais com a ação parasitária, há o manejo em torno do controle sanitário, como vacinação, transporte, entre outros. “Nesta semana foi feita uma auditoria na cadeia da carne do Uruguai, onde estima-se que as perdas comerciais nos machucados, com abcessos, e outros problemas de manejo, somam prejuízo em torno de 30 milhões. Então, temos o dobro de perda da cadeia produtiva em torno de uma doença só, e é por isso que estamos realizando este seminário, para buscarmos uma solução. Escolhemos Rivera por ser um local estratégico para receber as delegações com a participação de todos os envolvidos nessa problemática”.
A médica veterinária Natália Bidone, coordenadora do setor de doenças parasitárias da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul, declarou sobre o assunto: “Apresentamos dados do que a Secretaria de Agricultura do nosso estado vem fazendo sobre essa questão nos últimos anos e mostramos dois experimentos inéditos que trabalhamos nos últimos dois anos, que nos apresentam dados que podem embasar a tomada de decisões num evento como este, mais assertivas, em relação a esse parasita. No Brasil, estimam-se perdas em torno de 15 bilhões de reais ao ano. No nosso estado, por termos quase o mesmo tamanho do rebanho do Uruguai, nosso prejuízo deve girar em torno do mesmo valor entre 50 a 60 milhões de reais de prejuízo.