qui, 22 de agosto de 2024

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30 ANOS NÃO SÃO 30 DIAS…

Buenas!

Há encruzilhadas na vida que nos obrigam a tomar decisões que, 30 anos depois, nos fazem refletir se fizemos ou não a escolha correta. Quantas vezes paramos para avaliar nossas decisões? O que teria acontecido se tivesse tomado outro caminho? Valeu a caminhada?
No meu caso, completei 30 anos como funcionário público na última semana. 3o anos não são 30 dias, e o que conquistei e fiz neste período foi fruto de decisões que agora completam 30 anos.
Estava eu no auge dos meu 20 anos, crente que chegara no Olimpo de minhas conquistas, afinal, sobrevivi um ano envergando a farda verde oliva do Exército Brasileiro e já não tinha mais espinhas na cara.
Vã ilusão! Ao sair de lá, estava eu desempregado e continuava morando na mesma cidade, distante quase 500 km da capital, sem perspectivas ou possibilidades de emigrar para um centro maior a não ser que…
Vou passar num concurso!, disse eu ao espelho, onde estava um jovem magrelo e sem espinha mas cheio de sonhos. Em casa tive dois exemplos: um pai sem estabilidade financeira, autônomo e quase nada de estudo, e uma mãe professora primária pública, com duas faculdades, mas com salário fixo mensal, apesar de irrisório.
No meu tempo já não era fácil passar num concurso federal, mas ainda exigia somente ensino médio, prova escrita e teste físico. Hoje quase todos os concursos exigem nível superior e os testes físicos ficaram bem mais rigorosos. Além, é claro, do incremento no número de candidatos. O Brasil tinha 158 milhões de habitantes, hoje são 211!
Mas passar no quê? Trabalhar onde? Não tinha ideia alguma, mas, quando fui aos Correios vislumbrei um cartaz que falava sobre o concurso para a PRF. Policial, por que não? Contudo, não fazia a mínima ideia do que fazia o tal do PRF. Mas era federal, logo, previa um salário fixo – bem baixo, no início, acreditem, ainda em URVs – e estabilidade, as duas maiores ambições de minha vida até aquele momento.
Tive que vir até Porto Alegre para fazer a inscrição e outras partes do concurso. As passagens de ônibus eram caras, meus pais não tinham que administrar quatro filhos e um aluguel, como fazer? Trabalhava desde os 14 anos de idade, mas pós quartel estava sem fonte de renda. O que fazer?
Um supremo sacrifício: vendi minha coleção de revistas em quadrinhos! Devia ter umas 300 revistas, compradas com o suor do meu rosto, muito pedalei para realizar cobranças e trabalhos bancários em meus empregos e estágios. Lembro das lágrimas que escorreram no canto do olho ao entregar a caixa e receber o dinheiro para as passagens…
Pois bem, realizei a inscrição, contando com o apoio de uma tia que morava na capital gaúcha, pois se tivesse que pagar estadia, não poderia me inscrever no concurso. Já notaram que sozinhos não somos ninguém? Para conquistar alguma coisa, sem uma rede de apoio, as chances de sucesso são remotíssimas!
Estudei, com afinco, alternando trabalhos à tarde para poder ganhar uma grana e custear as próximas etapas, que não foram baratas! Foi um ir e vir para a capital, exames médicos, tudo custando os olhos da cara! Não fosse meus pais, após a primeira aprovação, não teria como pagar todas as custas.
Numa destas viagens, para economizar, peguei carona com um caminhoneiro. Além dele pestanejar vez ou outra ao volante, dirigindo de madrugada, me deixou na rodoviária de Lajeado, apesar de ter dito que viria até a capital. Precisei esperar amanhecer, estava muito frio, para pegar um ônibus e chegar a tempo de entregar os exames de nova etapa do concurso.
Poderia ficar aqui a narrar outros tantos perrengues e superações que tive de fazer para ingressar na corporação que faço parte há 30 anos! Sei que muitas pessoas tiveram sua cota de perrengues, alguns mais fáceis, outros mais difíceis que os meus. Mas, a duras penas, fiz o curso de formação em e tomei posse em julho de 1994.
De saída optei por trabalhar na sede, no centro histórico de Porto Alegre, pois queria estudar na UFRGS. E consegui, fiz a graduação e mestrado lá! E disse, com todas as letras, há 30 anos, que iria morar na rua dos Andradas, perto da Casa de Cultura do Mário Quintana ou do Gasômetro. Já alternei os endereços, mas, hoje, moro na frente da CCMQ, e daqui não pretendo sair, apesar da enchente que nos assolou.
Como todo mundo sonhei mundos e fundos e me esforcei para conquistá-los. Sou um homem realizado? Sem medo de errar, digo que sim, pois tenho casa própria, criei dois filhos, publiquei dois livros, viajei o mundo com minhas economias e realizei – e ainda o faço – um trabalho reconhecido e valorizado, não só pelos pares, representando a minha PRF.
E você, quais são seus sonhos? Já sacrificou suas revistas em quadrinhos em troca das passagens para seu futuro? Se tiver 20 anos, avalie os caminhos que a encruzilhada da vida te apresenta e escolha, não tão depressa que pareça afobação, mas não demore, o tempo urge!
Saiba também que nem tudo é eterno, pode fazer trocas no futuro, caso não fique satisfeito. Mas se passou dos 50, como e, revisite seus passos e andanças, tente encontrar um equilíbrio entre as passadas corretas e as erradas, que não estamos livres de erros.
E, se possível, ache um pequeno saldo na balança de sua vida. No meu caso, não foi só o peso que ganhou incremento, o magrelo do século passado ganhou uns quilos, admito, mas muito mais! Se encontrar seu saldo positivo, saberá que está vivendo, não só, sobrevivendo…

Comunicado de falecimento: Margarida Albornoz Ferreira

Comunicamos, com profundo pesar, o falecimento de Margarida Albornoz Ferreira, ocorrido na última terça-feira (20). Mensagem dos filhos: Foste impecável como avó, mãe, filha, irmã e amiga, sempre nutrindo todos a tua volta com muito carinho e amor. Deixaste em nós teu caráter e lealdade frente a vida, apaziguando sempre nos momentos turbulentos e pensando num bem maior que é