A Polícia Rodoviária Federal (PRF), através da sua Superintendência no Rio Grande do Sul, informou que já tomou ciência da operação DEPARTED, que tem como alvo um policial rodoviário federal suspeito de envolvimento com contrabandistas da região e que abriu procedimento disciplinar interno por meio da sua Corregedoria Regional, que irá apurar eventuais responsabilidades na forma da lei.
Segundo a PF, o policial se utilizava de uma empresa da família para receber vantagens indevidas e promover a lavagem de dinheiro e de patrimônio angariado com o crime.
Policiais federais cumpriram 4 mandados de busca e apreensão, ordens de indisponibilidade de bens em montante aproximado a R$ 4,6 milhões. Também foi promovido o afastamento do investigado do cargo público. As medidas foram expedidas pela 2ª Vara Federal da Santana do Livramento.
A hipótese investigada é no sentido de o principal investigado manter a gestão ilegal de um posto de gasolina e transportadora, utilizada para se consorciar com diversas pessoas suspeitas de contrabando/descaminho na região. Suspeita-se ainda que o investigado vendesse seus serviços de transporte como maneira dissimulada de fornecer blindagem e contrainteligência para carregamentos ilícitos.
A investigação demonstrou que o próprio policial participava de carregamentos clandestinos realizados a partir do Uruguai, fornecendo caminhões e realizando o transporte da mercadoria.
Além disso, identificou-se que ele fornecia informações sigilosas às pessoas que contratassem sua empresa. Os contratantes dos serviços recebiam orientações e informações sobre horários e dias propícios para o transporte e uso de equipamentos especiais de fiscalização rodoviária, por exemplo. Em outras oportunidades, o investigado promovia a liberação de veículos de seus clientes de abordagens e de autuações.
Identificou-se sua associação a dois grupos recentemente investigados pela Polícia Federal de Sant’Ana do Livramento, a partir das Operações Fruto Proibido (JUL/22) e Fauda (OUT/22). Somente de empresas/pessoas vinculadas a essas operações, o agente público recebeu R$ 2,1 milhões nos últimos cinco anos. Todavia, não se descarta o envolvimento de outros grupos criminosos com o policial.
Durante as investigações, foram identificados ainda indícios de lavagem de R$ 3,8 milhões através das contas da empresa pertencente ao agente público.
A Polícia Federal trabalha com a hipótese de cometimento dos crimes de facilitação ao contrabando, corrupção ativa e passiva, advocacia administrativa, prevaricação, violação de sigilo funcional, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Além disso, diversos ilícitos funcionais foram identificados, que serão apurados no âmbito da Corregedoria da Polícia Rodoviária Federal.
A investigação é resultado de uma atuação conjunta da Delegacia da Polícia Federal em Sant’Ana do Livramento e do Grupo de Investigação para Repressão à Lavagem de Dinheiro e Crimes Financeiros (LAFIN/RS). O trabalho conjunto deriva de um direcionamento de infraestrutura da Polícia Federal para investigações focadas no viés econômico de delitos.
Registre-se que não há indícios de envolvimento de outros servidores públicos da Polícia Rodoviária Federal no caso.