Como foi a descoberta da gravidez? Era uma gravidez muito esperada, foi uma alegria muito grande, pois eu tinha fé que iria acontecer, mas havia um diagnóstico de que não seria tão simples por ter ovários policísticos. Em um primeiro momento eu descobri que não ovulava, então voltei ao médico para solicitar um novo exame e ver caminhos para tratamento, mas antes disso, depois de muito chorar devido a me encontrar frustrada por não conseguir realizar algo que desde pequena sentia como sendo um chamado – “ser mãe” – busquei fortalecer minha fé e confiar que seria possível e seria apenas necessário confiar e estar pronta. Com solicitações de novos exames para iniciar tratamentos, precisava esperar um novo ciclo menstrual ocorrer para realizá-los de novo, mas este momento nunca chegou, foi quando ainda, sem acreditar, descobri que estava grávida. mas eu costumo dizer que Deus preparou o meu caminho para esse momento, a gestação foi um divisor de águas em minha vida bem como uma salvação e um novo começo como pessoa. Acredito que toda mãe se sinta assim: buscando ser e fazer o seu melhor.
Como foi a gestação? Foi uma gestação tranquila nos primeiros 15 dias. Explico: eu tive muita dor no início (o que era normal pois o útero estava expandindo), mas eu me sentia preparada para o processo, aguardava ansiosa pela primeira consulta para escutar o coração do bebê, mas quando chegou o dia da consulta, veio a surpresa. Eu entrei sozinha, pois estávamos em bandeira preta devido a pandemia, e para a minha surpresa o doutor me informou que existiam 4 bolsas, eu não sabia a proporção do que estava por vir, mas ao escutar os 4 corações o meu coração foi tomado por uma alegria e um amor que não existem palavras que possam descrever. Daquele dia em diante, eu soube que não seria fácil, que existiriam muitas dificuldades pelo percurso, a principal delas era saber que Livramento não conta com UTI neonatal, então tive medo, vários medos, pensava se conseguiria segurar a gestação, se chegaria no tempo mínimo recomendado que eram 30 semanas, se eles conseguiriam ter uma boa formação e nascerem saudáveis. E mais uma vez me lembrei que deveria apenas confiar e pensar por etapas. As pessoas me perguntavam: como será? Tu já pensaste? Dentre várias outras perguntas, a resposta era sempre a mesma: estou vivendo o hoje, pensando em chegar nas 30 semanas que fechariam justamente no dia de Nossa Senhora (12 de outubro), não era coincidência, eu sabia que estava amparada. Com 18 semanas deixamos de ouvir um dos corações e com 22 semanas tivemos a confirmação de que não estava mais em formação, sofri, mas compreendi que meu filho deu espaço para que os irmãos pudessem se formar e nascer. Fiquei muito tempo em repouso, pois já tinha dilatação com 22 semanas, foram 24 dias internadas até que não era mais seguro para eles manter a gestação. Eles nasceram dia 22 de setembro, toda a equipe do Clínicas de POA mobilizada para esse momento, e foi incrível, um misto de sentimentos que até hoje me emociona.
Como foi a escolha dos nomes? Sempre tivemos os nomes Pedro e Sofia como sendo os nomes que iríamos escolher, Bento foi escolhido por também ser um nome pequeno, mas principalmente porque buscamos um nome com significado que fosse na mesma proporção do nome dos irmãos.
Quais as maiores dificuldades enfrentadas na maternidade? A maior delas foi a amamentação, pois como prematuros eles custaram a conciliar: respiração, sucção e tragar. Com isso, amamentar me exigia muita atenção, principalmente à noite quando eu estava mais cansada e eles levavam em média 30 min cada e quando o último terminava eu tinha uns 20min para descansar até que o primeiro a mamar solicitasse novamente. Hoje, eu volto a pensar por fases, cada fase tem sua particularidade, mas não vejo mais como uma dificuldade e sim busco achar formas de lidar com cada uma, o que não é fácil, mas é possível.
Como você trata a individualização entre os seus filhos? Eu busco estudar os temperamentos, analisando cada um de acordo com o seu, com as suas características, eles são muito diferentes e com isso não funciona o mesmo tratamento, e também porque há uma competição entre eles, se generalizar sinto que eles tentam buscar atenção com brigas e birras, tento ao máximo fazer com que sintam que eu estou dando atenção para o que cada um precisa em cada momento, para que percebam que estou ali para todos muito embora hoje já não consiga dar colo para todos ao mesmo tempo.
Um conselho para as mamães que desejam ter gêmeos ou trigêmeos? De forma geral eu só sei ser mãe de trigêmeos, não entendo as dificuldades de ter um filho ou dois, mas percebo que o principal é entender que não é uma receita de bolo, não funciona da mesma forma com todas, é preciso trabalhar a individualidade e respeitar a necessidade de cada mãe, eu tenho dificuldade de pedir ajuda, mas isso é um ponto importante, ter apoio e saber que, mesmo quando pareça, não estou conseguindo fazer tudo, mesmo assim, você está dando o seu melhor, o seus 100% e sim, seu filho ou filhos sabem disso, você é a melhor mãe que eles poderiam ter.