É quase mandatório, por motivos de coração, iniciar esta coluna com uma nota sobre o Rio Grande do Sul.
Durante a última semana, não só a minha, mas nossas mentes ficaram absorvidas, e, quando estávamos em outra atividade, impossível que por alguns segundos não fossemos puxados novamente a imagens, lembranças de relatos e até previsões sobre nosso estado.
Ao mesmo tempo, com a maior tragédia climática dos últimos tempos sem dar trégua, vivemos também uma solidariedade em belas proporções inimagináveis. Difícil ver quem não tenha se emocionado. O que me surpreende não é a empatia em um caso tão extremo, mas a ação. Pessoas sem nenhuma relação com o RS se deslocaram, do dia para a noite, para lá, e os militantes da causa estão em toda parte, seja no mundo real ou virtual.
Meu apelo seria de que, passada a fase mais visível, com a produção das imagens mais sensíveis, a mentalidade de auxílio ao nosso estado siga, por muito tempo ainda, partindo principalmente de nós, gaúchos, e assim estado afora, e não deixemos a causa morrer jamais, até que tenhamos nem só superado esse momento, como talvez trilhado um caminho diferente, ainda mais promissor.
Mantenhamo-nos juntos nessa causa pelo tempo que for necessário! Unidos por um RS mais forte!
E agora… Vamos viajar e distrair nossa mente?
O Gosto sem Exceção
Gostos são tão democráticos que nunca são consenso. Cada um com suas preferências, às vezes totalmente opostas às do outro. Mas há algo que ainda não encontrei quem não goste, e desafio vocês a encontrar: VIAJAR. É um mosquito que pica e que nos contagia eternamente. Mas o que faz viajar ser tão bom? Para mim, nada tem tantas diferentes razões como isso.
Há quem goste da rotina – acredito que a maioria de nós, em algum nível – mas, se rotina é bom, sair dela é melhor ainda. Do momento que passamos a fase chata de arrumar malas, documentos, organizar nossa ausência, tanto no trabalho como até em casa, começa a fase positiva. Por vezes, pegar a estrada já causa uma sensação de mudança em nosso cérebro, e parece que o ar que respiramos é diferente, causando sensação de leveza. O “ah, como eu precisava disso e não me dava conta” não tarda a vir.
E o prazer está só começando.
Por um curto período, deixamos as obrigações e desfrutamos, somente desfrutamos. A despreocupação vem, o que por si só já é o ápice. Que delícia!
Ainda na estrada, pode já haver excitação. Da nossa Fronteira Oeste rumo à capital, por exemplo, o cenário me tira o fôlego toda vez, sem exceção. Pego a mim mesma admirando a paisagem verdejante, e sinto completude. É como se não precisasse de mais nada naquele momento – é a integração do homem com a natureza, mesmo que de dentro do carro. Uma rodoviária ou um aeroporto é uma amostra de histórias individuais, cada um na busca de seus sonhos, encontros e desencontros. De um avião, voamos, e, de sua janela, viajamos. Estamos nas nuvens. O corpo e a mente unidos em uma realidade alternativa.
Chegamos ao destino. Brincamos com os nossos sentidos: visitamos cenários variados, experimentamos sabores distintos dos habituais e ouvimos o burburinho ou o silêncio, dependendo de nossa opção. Pode ser que eu seja a única, mas sinto até o cheiro de lugares que amo, e por segundos sou teletransportada para lá. Geralmente o que nos faz optar por um destino ou outro, é qual dessas sensações estamos buscando.
A curiosidade é aguçada. Saímos do automático do cotidiano e passamos a observar e nos maravilhar. Uma viagem consciente e presente pode ser exercício de meditação. Nossa existência agradece.
Viajar sozinho é autoconhecimento puro. É fortalecimento de si. Viajar acompanhado é estreitamento das relações. Nada como uma viagem em família para que lembremos que a família pode ser o melhor dos entretenimentos, e para querer cada vez mais.
Já o tempo… o tempo é dúbio! Tem uma contagem única. Ao mesmo tempo que passa rápido, a vivência é tão intensa que os cinco dias são lembrados como quinze, recheados de deleite na recordação.
Quando não posso viajar, leio um livro, vou ao bairro do lado, ou pego uma rota diferente. A questão é que, uma vez acostumados a sair da nossa realidade, o cérebro não volta mais, e, dados os benefícios dessa atividade, não me importaria nem um pouco de me viciar na sensação. Viajar, da forma que pudermos, é saudável e indicado, e não há arrependimento nem contraindicação.