As imagens de dor e desespero de pessoas pedindo socorro em cima de telhados, comunidades inteiras devastadas pela força das águas que há duas semanas castigam o estado do Rio Grande do Sul, pontes caídas, estradas bloqueadas são um retrato cruel de, talvez, a maior tragédia climática da história do Brasil, mas em meio a tanta dor e tristeza, imagens de esperança nos chegam a todo momento pelas redes sociais, são anônimos que em meio ao caos deixaram suas famílias, empregos, conforto do lar e estão atuando na linha de frente com recursos próprios, seus barcos onde arriscam a própria vida em prol de pessoas desconhecidas.
É o povo pelo povo – como diz uma expressão muito usada nos dias de hoje. Com a sobrecarga da demanda dos serviços oficiais, de profissionais de todas as áreas que, incansavelmente, estão trabalhando dia e noite sem cessar, dispondo muita vez de poucos recursos, surgiu em meio a isso um exército de voluntários vindos de todas as partes do Brasil, onde comunidade inteiras estão fazendo arrecadações de mantimentos e enviando para o nosso estado carretas de esperança.
Cada pessoa fazendo a sua parte, como os membros de um só corpo, pois todos somos humanos. É bem verdade que em meio a tragédia a face mais obscura do mal também se revela nos assaltos a pessoas que perderam tudo, nos golpes aplicados pelas internet, nas brigas e tiroteios em meio ao caos, nos saques e abusos, mas o bem sempre vence o mal, e a corrente de solidariedade se faz muito maior.
Como é o caso que vem aqui da fronteira com o Uruguai, onde brasileiros e uruguaios de todas as cores, todos os credos e todas as classes sociais estão unidos fazendo ações para o recolhimento de donativos e organizando verdadeiros exércitos solidários. Em Sant’Ana do Livramento, a prefeitura municipal montou um QG no Ginásio Marechal Mallet, com o apoio do Exército Brasileiro, onde estão sendo armazenadas toneladas de mantimentos para serem posteriormente enviados para as cidades atingidas.
Caminhões lotados com garrafas de água chegam a todo o instante para posteriormente matar a sede de quem perdeu tudo, menos a esperança. Os donativos vindos dos diversos pontos de coleta, necessitam passar por um processo de triagem e, neste sentido, centenas de voluntários têm atuado no Ginásio Marechal Mallet, dia após dias, em uma incessante corrente do bem.
Em meio a montanhas de donativos, os olhos atentos e as mãos ágeis vão separando roupa por roupa, item por item, embalados em kits de limpeza e higiene, roupas, sapatos, cobertas, colchões. São eles jovens e idosos, pretos e brancos, pobres e ricos, sem nomes ou títulos em meio a montanhas de donativos e que atendem por um único nome: Voluntário.
Forças de Segurança da fronteira auxiliam na logística de transporte de donativos
Na manhã segunda-feira, duas viaturas da Polícia Civil partiram em direção à Santa Maria transportando donativos arrecadados pelas forças de segurança de Livramento. Os mantimentos foram entregues na Defesa Civil, Corpo de
Bombeiros, Polícia Civil e Polícia Rodoviária Federal. Conforme o delegado regional da Polícia Civil, Laurence Teixeira, a logística foi solicitada pelo governo estadual a fim de transportar os donativos o mais rápido possível para que os mantimentos cheguem à população mais afetada. Participaram da operação policiais das delegacias de Sant’Ana do Livramento, Rosário do Sul, Quaraí e Cacequi que também estão recebendo os materiais.
