A reconstrução do Rio Grande do Sul, etapa posterior ao salvamento de vidas nas enchentes que devastaram mais de 80% do Estado desde o fim de abril, foi tema de reunião híbrida convocada pelo governador Eduardo Leite e pelo vice Gabriel Souza na terça-feira (7/5). Com a presença de secretarias, instituições financeiras, entidades e empresários, foram apresentadas as ações que estão sendo feitas para preservar vidas e recuperar os setores produtivos do Rio Grande do Sul.
O governador fez a abertura contextualizando a situação atual do Estado, que conta com 401 municípios atingidos, salientando, apesar de tudo, que os eventos ainda estão em andamento. Leite destacou a posição do governo em relação à segurança pública, assistência social, saúde e divulgação de informações, uma vez que circulam boatos que atrapalham o trabalho que está sendo desenvolvido. O chefe do Executivo estadual reforçou que está em contato com governadores de outros estados para pedir auxílio, em especial aos que fazem parte do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud).
A destinação das doações dos valores por pix e o plano de reconstrução e seus desafios foram as pautas principais da reunião, pois devem exigir medidas extremamente excepcionais e que necessitarão do apoio da esfera federal. “Minha grande preocupação é dar ao Brasil a noção do que está acontecendo aqui”, disse Leite. O governador explicou que pretende estabelecer uma autoridade estadual de reconstrução, com caráter técnico e com uma estrutura dedicada.
O projeto passará pelas etapas de assistência, restabelecimento e reconstrução, que focará na recuperação do Rio Grande do Sul, e de prevenção e resiliência climática, que formulará estratégias para que se possa prevenir e minimizar as emergências climáticas.
O governador afirmou que os planos já estão sendo elaborados, com o auxílio das secretarias do Estado e entidades, para conduzir da melhor maneira o processo.
O titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Ernani Polo, iniciou sua fala agradecendo aos empreendedores, gaúchos e de outros estados, presentes na reunião por sua disponibilidade em colaborar com a reconstrução do Rio Grande do Sul. Também mencionou o setor da proteína animal, que está ajudando com alimentos e logística. “Precisamos que todas as esferas do poder público e da sociedade civil organizada se unam para enfrentar o momento difícil que estamos passando”, disse. Polo garantiu que será mantida a conversa com o setor produtivo para construir caminhos viáveis, tendo atenção aos aspectos fiscais e jurídicos durante o processo.
Ponto focal
O Gabinete de Apoio ao Empreendedor, coordenado pela Sedec, já está levantando os impactos nas micro, pequenas e médias empresas para encaminhamentos das ações de apoio. A titular da Secretaria da Fazenda (Sefaz), Pricila Santana, informou que se reuniu com secretários de Fazenda de todo o país com o intuito de simplificar procedimentos e dar agilidade e capacidade de reação do setor produtivo gaúcho. Também está sendo feita, em coordenação com bancos gaúchos, a organização de oportunidades de recuperar as empresas debilitadas, preservando a sua segurança financeira. “Estamos sendo procurados por multinacionais, com fundos privados, que conseguirão disponibilizar crédito a taxas menores”, disse Pricila.
A titular da Sefaz afirmou que nada será feito sem ouvir os empresários, pois é necessário entender onde estão os gargalos para agir de forma assertiva.
Empresários deram sugestões sobre a reconstrução do RS
Os empresários que participaram da reunião foram unânimes em seus pedidos por cobranças ao governo federal pela liberação de verbas e postergação da dívida com a União. Em suas manifestações, também destacaram a cooperação e a solidariedade como fatores essenciais para enfrentar esta crise.
O presidente do Transforma RS, Daniel Randon, ressaltou a união dos empresários com o poder público, salientando ser necessário um bom alinhamento, de forma sincronizada e sob a organização do governo, para recuperar o Estado. O empresário José Galló chamou a atenção para o fato de que o processo de reconstrução deve levar em consideração as novas realidades climáticas.
O empresário paulista, Luciano Luft, informou que o centro de doações em São Paulo já arrecadou toneladas de doações e que está recebendo ligações do Brasil de empreendedores querendo ajudar, mostrando a solidariedade do país com o Estado. O presidente da Cotrijal, Nei Mânica, disse que foi solicitado ao governo federal apoio ao campo e destacou que o povo gaúcho é um desbravador e que certamente vai conseguir reconstruir o que foi perdido.
Leite encerrou a reunião explicando que o Estado terá dificuldades e que não será fácil fazer essa organização. O governador reforçou que o Rio Grande do Sul está em um período de urgência, operando com fatores críticos de sobrevivência, que demandam uma grande remobilização em vários setores econômicos e muitos recursos. “Precisaremos reerguer estradas, casas, vidas e, fundamentalmente, o futuro do Estado. No final desse processo, todos teremos orgulho do que fizemos”, disse o governador.
Participaram da reunião o Procurador-Geral do Estado, Eduardo Costa; o secretário chefe da Casa Civil, Artur Lemos; o diretor da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs),Hernane Cauduro; o presidente da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), Rodrigo Sousa Costa; o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), Carlos Joel; o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira; o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz; o vice-presidente e diretor de Operações do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Ranolfo Vieira Junior; o presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port; o presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Estado do Rio Grande do Sul (Acergs), Roges Pagnussat; o presidente da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari (CIC VT), Ângelo Fontana; e diversos empresários.