A Câmara dos Deputados promoveu, nesta quarta-feira (24), sessão solene em homenagem ao Dia Mundial da Agricultura. O plenário Ulysses Guimarães ficou lotado de parlamentares ligados à bancada ruralista, produtores rurais e dirigentes de entidades representativas do agronegócio. Nenhum representante do governo federal participou do evento, ausência que não passou em branco pelo deputado Luciano Zucco (PL-RS), um dos proponentes da homenagem. “É mais uma prova de que o Palácio do Planalto enxerga o setor produtivo como um inimigo. Já nem conseguem mais esconder essa antipatia”, lamentou o parlamentar.
A sessão solene foi prestigiada por representantes de peso do agronegócio. Destaque para as presenças da ex-ministra da Agricultura, senadora Tereza Cristina (PP-MS), e o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Pedro Lupion (PP-PR), que também foi um dos proponentes da homenagem. Lupion não poupou críticas em seu discurso. “Nós estamos em pleno 2024 lutando para manter o que é nosso. Seja do ataque dos movimentos, seja do ataque dos invasores, seja do ataque daqueles que trabalham contra nós diuturnamente: a esquerda desse país, o governo que está aí e, infelizmente, o sistema judicial”.
Exatamente na mesma hora em que o Plenário prestava sua homenagem aos produtores rurais, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, era sabatinado na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. O deputado Zucco foi ao encontro de Teixeira e fez um discurso em tom de cobrança ao ministro, lembrando das mais de 40 invasões de propriedades promovidas pelo MST em 18 estados. O parlamentar perguntou se Paulo Teixeira era favorável a esse tipo de ação criminosa. O ministro tratou de minimizar o chamado ‘abril vermelho’. “A maioria dessas áreas já foi desocupada. Eu sei que remanescem algumas (invadidas), mas são poucas. Então, o que caracterizou foi um mês de protesto, de reivindicação”, afirmou Teixeira.
200 dias
Zucco também relatou a Paulo Teixeira o clima de tensão que os produtores rurais gaúchos vivem no município de Hulha Negra, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Na próxima sexta-feira (26) completam 200 dias de uma vigília montada para monitorar um acampamento do MST, que reúne cerca de 300 pessoas. Duas viaturas da Polícia Militar companham a situação de perto 24 horas por dia. “Olha a situação. O produtor rural já tem tanta preocupação com sua propriedade, é a chuva que não vem, ou a chuva em excesso, o financiamento que vai vencer, a quebra da safra, o alto custo de produção, o preço do produto que está baixo. Enfim, uma série de questões. Aí ele tem que revezar com seus colegas numa vigília para monitorar se o MST vai ou não tomar sua propriedade na mão grande. Um verdadeiro absurdo”, criticou o parlamentar.
Zucco ressaltou que um dossiê produzido pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) foi entregue ao Ministério Público Federal em Porto Alegre. O documento reúne graves denúncias no processo de reforma agrária, como venda e arrendamento de lotes, além do abandono de áreas. “Ao invés de corrigir esses problemas e oferecer infraestrutura aos assentamentos, seu ministério quer comprar mais terras para premiar um movimento criminoso”, disparou o deputado.
Zucco foi presidente da CPI do MST e atualmente preside a Frente Parlamentar Mista Invasão Zero (FPMIZ). O parlamentar lembrou a Paulo Teixeira que a Câmara está avançando rapidamente na votação Pacote Anti-Invasão, conjunto de projetos de lei para punir com mais rigor os invasores de terras, tornar obrigatório aos movimentos sociais a utilização de CNPJ e acelerar a reintegração de posse para os legítimos proprietários.
Íntegra do discurso de Zucco na Comissão de Agricultura: