“Não temos Wi-Fi. Conversem entre si” dizia a genial placa naquele bar no interior de São Paulo. Por um momento, os clientes do estabelecimento teriam que se conformar em interagir um com o outro, e não com o mundo virtual. Que desafio. O verdadeiro impasse, porém, aparece quando ambas as realidades – a real e a virtual – têm que coexistir.
Resistir às redes sociais – a essa ironia do que deveríamos entender por “social” – à rápida e eficaz comunicação da internet, à ilusão de vida oferecida e ainda ao tal do Candy Crush – sensação entre as idades 8 a 80 – não é tarefa fácil. Essa discussão já está até ultrapassada e, além disso, cada um utiliza recursos da maneira que julgar melhor. O assunto que abordo aqui hoje é outro: educação, etiqueta, boas maneiras, ou como prefira chamar.
Meu conhecimento básico do assunto me permite saber que, qualquer que seja o título, uma regra é sempre a mesma: ao conversar com uma pessoa, olhe para ela, e não para os lados. É o mínimo dos mínimos. Acredito que não há discordância acerca desse preceito. O que, então, nos levaria a crer que se um desses lados for o celular (ou algo do gênero tech) está tudo desculpado, que o outro entende? Não, não está tudo desculpado e não, o outro não entende. Pode até se calar, mas reparou na atitude, e, muito provavelmente, não está confortável com ela.
Aos poucos, silenciosamente, se estabeleceu entre nós essa regra: se, numa conversa, o objeto da distração vier da ordem tecnológica, este tem prioridade, certo? É só olhar à volta… É um entendimento quase pacífico, com exceção de algumas poucas pessoas que têm a coragem de externalizar a discordância.
Tenho certeza de que se a Célia Ribeiro pudesse reescrever Etiqueta no Século XXI, ela adicionaria algumas regrinhas de ouro para esse conflito contemporâneo. Até me arrisco a sugerir: Ao conversar com alguém, esta é a prioridade. O celular só entra em cena se for urgente. Se for urgente, peça licença – é grátis e dá um toque de consideração ao que já é incômodo. Se a tentação for maior e os olhos fixos no celular forem inevitáveis, não inicie a conversa pessoalmente. Fique com o celular e só com o celular. As duas coisas não combinam.
Afinal, na modernidade ou na tradição, o que nunca deveria sair de moda é a educação.
Aplateia Digital | 23 e 24.11.24
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