Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]
Quase todos os dias alguma pessoa de minhas relações conta afirma que não me encontrou nas redes sociais. Por vezes são diletos amigos que encontram conteúdo que tem a ver com meus gostos e gostariam que eu compartilhasse disso. Basta dizer que, à exceção do X (antigo Tweeter) e do whatsapp, dispenso essas ferramentas, para ser olhado como se fosse um ser extraterrestre.
O cotidiano de radicalização, ofensas, egoísmo, ostentação e estímulo ao consumismo aumenta a resistência de aderir à verdadeira epidemia mundial. Generalizar é injusto, mas não me seduz postar detalhes de minha vida pessoal ou profissional. “Não sou tão relevante e interessante para postar estas coisas abertamente”, costumo responder quando perguntam os moti-vos do meu comportamento.
Artistas e empresas, entre outros profissionais, precisam das redes soci-ais como precisam de oxigênio. “O mundo está nas redes”, ouço com frequência. E isso é verdade. “Quem não é visto, não é lembrado”, reza o dita-do que é muito mais antigo que a própria internet. Por isso, empregar modernas ferramentas tecnológicas é um impositivo, mas no terreno pessoal prefiro a discrição.
Quando apresento os argumentos para manter-me distante da exposição pública, minha filha costuma debochar, recordando velhos episódios.
– Lembro que tu eras contra o whats… mas hoje tu passa o dia transmitindo notícias e conteúdos para centenas de amigos e colegas de trabalho – costuma zombar o guria com um sorrisinho maroto.
É verdade, em parte. Mas no caso do “zap” é possível selecionar o destinatário com maior precisão. Esta prática evita deturpações, distorções e agressões daqueles que discordam ou têm escassez de educação para debater ao invés de agredir, ofender.
Tão difícil quanto educar os usuários é regular o uso das redes sociais. Como se vê todos os dias é preciso desenvolver mecanismos para coibir abusos e excessos, mas como fazer isso sem tolher a liberdade e instalar um estado policialesco que ao invés de transformar zelo em excesso, controle em censura.
O debate sobre a regulação está recém no início. Não é preciso ser profeta para imaginar a virulência que vai (e já está) permeando os debates que, hoje em dia, sempre são brigas.