qua, 4 de dezembro de 2024

Variedades Aplateia | 30 e 01.12.24

Um tributo à fronteira

Depois dos 80, que completo neste janeiro (23), vou me aposentar da estiva jornalística – essa obrigação de estar atento ao noticiário para escrever todo o dia sobre fatos correntes.
Vou me dedicar a um projeto de História Ilustrada, que desenvolvemos no jornal Já há 30 anos.
São livros-reportagens sobre temas históricos, fartamente ilustrados, com uma narrativa e uma edição jornalística.
Já publicamos História Ilustrada do Rio Grande do Sul, História Ilustrada de Porto Alegre, Viamão 300 Anos.
O primeiro que pretendo fazer neste novo ciclo é um antigo projeto sobre a história de Livramento e Rivera – “A fronteira que escolheu a Paz” .
É uma espécie de tributo que quero prestar a essa terra que não me viu nascer, mas que me propiciou os fundamentos que me levaram pela vida que já vai longa.
Nasci em Cacequi, mas minha família, atingida por uma tragédia (meu pai que era ferroviário caiu sob as rodas do trem e teve um braço decepado), veio buscar recursos em Livramento. Tinha um ano, quando mudamos, em 1945.
Aqui me criei, sempre morando na periferia: Passinho das Lavadeiras, Vila Julio de Castilhos, Pontilhão, Coxilha dos Loucos, Beco do Maragato. No meio do pobrerio, honesto e trabalhador, absorvi as regras da convivência e da solidariedade. Ali aprendi a ter esperança e não desistir.
Livramento me deu acesso à escola pública (meus pais não poderiam pagar). Escola pública de qualidade, no Grupo Escolar General Neto e no Colégio Estadual, os professores que me abriram as portas de um mundo ao qual eu não teria acesso: dona Hilda, que me alfabetizou, Agapito, que me revelou o sentimento cristão de fraternidade, solidariedade e respeito ao outro, professor Muller que me ensinou os rudimentos do latim, de grande valia nos intermináveis embates com as armadilhas da língua portuguesa, Alfredo Paiva, que me fez ler Machado de Assis e Eça de Queiróz, dona Judith que fez ver a importância de conhecer a história…são muitos e não só eles.
Seu Farias, da livraria na esquina da praça, que nos via – eu e o Kenny Braga – folheando os livros e nos dava de brinde porque sabia que não podíamos comprar.
Dona Isolina, em cuja escolinha na sala da casa dela, aprendi gratuitamente datilografia, o que me garantiu meu primeiro emprego na Platéia, onde descobri o jornalismo.
Quando saí de Livramento, aos 17 anos, eu estava pronto, embora não soubesse disso. Pronto para ser cidadão e profissional e creio que minha trajetória de mais de 60 anos não desmerece o legado que daqui levei.
Esse trabalho que pretendo empreender é uma ideia antiga, que cheguei a formular quando dirigi A Platéia, em 1982/83. Não foi adiante, mas ali fiz as primeiras pesquisas. A principal inspiração para retomar o projeto agora veio de um livro precioso, do historiador Antonio Cacciatore de Garcia: “Fronteira Iluminada”. O livro, resultado de 30 anos de pesquisas em documentos em Lisboa, Madrid, Rio de Janeiro, Buenos Aires e Montevidéo, descreve a secular disputa, entre Espanha e Portugal, pelas terras do Novo Mundo, deflagrada antes mesmo da descoberta – mais de 500 anos de contendas diplomáticas e confrontos armados, que segundo Cacciatore, culminaram no acordo exemplar que deu origem a esta “fronteira da paz”.
Esse é o contexto da história que vamos contar.
Um trabalho com participação de santanenses e riverenses em todos os níveis – desde pesquisadores, historiadores, jornalistas, com o seu acervo de conhecimentos sobre a cidade, até os moradores, com suas histórias e memórias familiares. Será decisivo também o apoio do poder público e dos empresários de ambos os lados.
Todos sabem que essa fronteira é especial, muito poucos sabem como ela se tornou e como se conserva assim e, principalmente, o quanto ela é exemplar num mundo em que as fronteiras são disputadas pelas armas.

TCE-RS realiza cerimônia de posse da administração para 2025

O Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) realizou hoje (04) a Sessão Plenária Especial de Posse da Administração 2025. Na oportunidade, o conselheiro Marco Peixoto assumiu a presidência do tribunal para mais um ano de mandato. Em seu discurso de posse, o presidente Marco Peixoto elogiou o trabalho realizado pelos diretores e por todos os servidores do tribunal, destacou o