Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]
Somos insaciáveis. Vivemos sempre ávidos por aquilo que não temos. Quando crianças, queremos crescer com rapidez para “fazer as coisas que só os adultos podem fazer”, sem dar satisfações ou perguntar para ninguém. É uma quimera que o tempo faz desvanecer.
Já na adolescência temos absoluta certeza de sermos dotados de um poder absoluto. Afinal, temos solução para todos os problemas do mundo. Nesta fase, pensamos que a gurizada não sabe de nada. São muito infantis, imaturos. Já os mais velhos são vistos como seres superados que não acompanharam a evolução tecnológica, as novas opções de vida, o culto ao corpo e vida saudável.
Na maturidade parece faltar tempo para colocar em prática os inúmeros planos acalentados por uma vida inteira. Apesar do otimismo, infelizmente nesta época deparamos com percalços que não estavam no script. São agruras do tipo problemas com o desemprego ou incidente com a família, sem falar das armadilhas que a saúde nos prega, exigindo vigilância constante.
Chegar à última semana do ano é prova de vitória diante dos desafios. Tivemos um ano especialmente pesado em que o fator humano comprovou, mais uma vez, ser o diferencial. Guerra e enchentes, para ficar em dois episódios marcantes, são consequências diretas da incapacidade do homem aprender que é preciso respeitar certas premissas para evitar as tragédias. Os fatos se repetem, mas a falta de racionalidade persiste, arrastando vítimas, prejuízos incalculáveis, tristeza e depressão.
Sobre a nossa eterna insatisfação também é bom lembrar que dificilmente nós “olhamos para baixo”. Isso significa observar milhões de pessoas que têm quase nada e que sobrevivem da caridade alheia ou do poder público. Turbinados pelos apelos incessantes para comprar, consumir e ostentar, esquecemos de valorizar nossas conquistas.
Anestesiados pelas agruras do cotidiano agimos de maneira automática, ignorando que o esforço de cada dia rende pequenas vitórias. É delas que devemos tirar energia para seguir adiante. Olhar para trás, para os 12 meses que chegam ao final em poucos dias, deve servir de inspiração. Sim, houve batalhas perdidas, perdas pelo caminho. Desligar o piloto automático e comemorar as vitórias é vital!