A União dos Legisladores da Fronteira Oeste realizou, na quarta-feira (16), com o apoio da Câmara Municipal de Livramento, o Seminário Desenvolvimento Econômico da Metade Sul e Agronegócio. O evento realizado no plenário João Goulart contou com a presença de vereadores e lideranças do agronegócio de toda a região, e com a palestra do presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, que fez um resgate da história do agro em nosso região desde o se desenvolvimento por meio do Prata, até os dias de hoje, apresentando números do principal mercado agrícola mundial que é o Brasil.
Já o economista chefe da Farsul, Antônio da Luz, apresentou uma reflexão entre as regiões do Bioma Mata Atlântica, o qual faz parte a metade norte do estado, e o Bioma Pampa, correspondente ao Sul do Rio Grande do Sul. Em números comparativos, o economista apresentou os caminhos e desafios para desenvolvimento da fronteira oeste, que nas suas palavras tem tudo para se tornar, nos próximos 30 anos, a região mais rica do Estado, novamente com a chegada da agricultura e toda a mudança que ela traz à sociedade. Participaram ainda da mesa dos trabalhos, o presidente da Câmara de Livramento Maurício Galo Del Fabro; o presidente da ULFRO e vereador de Quaraí, Mario Augusto; e o presidente da Associação e Sindicato Rural de Livramento, Luiz Carlos D’Auria Nunes.
Segundo o economista da FARSUL, a metade sul, que engloba a fronteira oeste do Estado, embora tenha todos os índices de desenvolvimento hoje abaixo da região norte, a chegada massiva da agricultura na região deverá modificar a economia e a cara do pampa. Pois segundo ele, onde há grãos, existe desenvolvimento. Antônio apontou, por exemplo, que hoje a principal indústria do estado é a de abate de frango, seguido por grãos e maquinário e implementos agrícolas. Isso faz com que municípios pequenos da região norte se desenvolvam mais rapidamente por conta da força da agricultura.
“Eu nasci aqui nessa região. Sou de Quaraí e tive que sair daqui por falta de oportunidades, por ela gerar talentos e pessoas que não conseguem ser mantidas aqui. Só que nós temos tudo para dar certo, e o agronegócio sem a menor sombra de dúvida tem uma possibilidade de gerar riqueza, crescimento e desenvolvimento. E quando nós olhamos para a metade norte do estado, vemos isso com clareza. Vemos renda mais alta, investimentos em educação e saúde mais elevados, criminalidade menor, oportunidade de emprego dentro da cidade e do campo. E quando a gente vai entender porque que isso acontece, nós vemos que por traz disso tem uma alta produção de grãos. E onde ela está, tem indústria. E a indústria gaúcha é movida pelo setor de grãos. No Rio Grande do Sul, os abates de frango, suínos, e lá embaixo, os bovinos, lideram a nossa industrialização; já a segunda maior é a indústria de ração para alimentar, justamente, as aves e suínos que serão abatidos; a terceira indústria é a produção de esmagamento de soja; na 4ª colocação temos a produção de elastômero; e na 5ª posição máquinas agrícolas. Isso é um dado importante, porque das cinco maiores indústrias do estado, quatro delas são ligadas ao agro. Com a questão dos grãos surgem as cooperativas; as revendas de insumos; concessionárias de máquinas; aumento da quantidade de transporte; corretoras; e comércio. Tudo cresce. Só que agora a fronteira oeste começa a ampliar a sua produção de grãos, e nós abrimos as páginas dos jornais em Porto Alegre, e vemos promotores e professores de universidades dizendo que o pampa não pode ser assim. Aí fica o questionamento: Essas pessoas não moram aqui e não conhecem a realidade, e querem dizer como nós temos que viver aqui? Não falo só como economista , mas sim como alguém que precisou ir embora por falta de oportunidades. E estou vendo isso mudar. Só que tem gente querendo travar esse desenvolvimento. E esse é o foco da nossa discussão com prefeitos, vereadores e lideranças da região aqui neste encontro. Não tenho dúvida que nos próximos 30 anos nós voltaremos a ser a região mais rica do estado.”
Em entrevista ao Jornal A Plateia, o presidente da FARSUL, Gedeão Pereira, destacou que este é o momento oportuno para discutir a questão do desenvolvendo da região a partir do campo, pois o Brasil vive nos últimos anos um crescimento muito grande na produção agropecuária, conquistando o posto de maior produtor do mercado agrícola mundial. “O enfoque da nossa fala aqui foi justamente para mostrar esse comparativo entre a metade norte e sul do estado, onde há 80 anos nós éramos a região mais rica e desenvolvida, muito por causa de produtos, como a carne e a lã, e também graças a influência da região da região do Rio da Prata. E hoje a situação mudou completamente, ficamos estagnados. Mas é bem verdade que agora nós estamos tendo uma nova oportunidade com a chegada da agricultura, apesar dos entraves burocráticos em cima da nossa atividade, estamos confiantes em um novo momento para nossa região”.