A radicalização que tomou conta do Brasil, de maneira especial a partir de 2018, faz parecer que temos eleições todos os anos. Apesar das aparências, os pleitos se realizam a cada dois anos. Por isso, em 2024, teremos nova disputa para prefeitos e vereadores, ou seja, a peleia será no âmbito municipal.
Trata-se da eleição mais importante por ser próxima do cidadão. Diz mais respeito à vida daquele cidadão que trabalha, cria família, paga impostos e vê, a cada dia, a necessidade de aumentar a jornada para pagar as despesas. Apesar da importância, é raro encontrar alguém que lembre do candidato em quem votou na última vez.
A obrigatoriedade do voto é um tema que divide opiniões. Mesmo comparecendo às urnas a cada dois anos, o eleitor não acompanha o trabalho de seus representantes. Isto é típico dos brasileiros que veem na atividade parlamentar um ofício menos nobre ou importante.
O prefeito e o vereador são representantes de fácil acesso. É possível encontrá-los não apenas na prefeitura ou na câmara municipal. Como são cidadãos comuns eles frequentam supermercado, igreja, canchas de bocha, festas religiosas e vão a restaurantes. Isso faz com que sejam demandados pessoalmente por eleitores que reivindicam obras ou pequenos reparos em uma estrada vicinal.
A demonização da atividade política é turbinada pela divisão que tomou contaminou a imprensa brasileira. Os grandes veículos de comunicação se transformaram em comitês eleitorais, manipulando conteúdos, sem espaço para que o público se informe e forme sua própria opinião.
Hoje temos uma prática nociva que consiste em buscar os meios de comunicação – rádio, tevê, jornal e internet – de acordo com a ideologia ou preferência política de cada um. A função dos meios de informação deveria oferecer conteúdos com ponto e contraponto, deixando o leitor/ouvinte/telespectador/internauta fazer o próprio julgamento.
Esta postura de “escolher um lado” levou à perda de credibilidade de grande parcela da mídia. Ser a favor ou contra é prerrogativa de comentaristas e colunistas, e nenhum outro jornalista. A busca de informação verdadeira é a base da democracia que está comprometida pela radicalização. Votar certo ainda é o melhor remédio.
Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]