Buenas!
“Quem não está tossindo está errado!”, vaticinou de dedo em riste um amigo após novo acesso de tosse, daquelas de cachorro engasgado, de quem vai expelir um trator pela garganta. Tossindo, concordei…
Corroborando nosso diálogo, recebi um meme via rede social que dizia: “quem não está tossindo está gripado!” Estou achando que é verdade este bilhete… Eu ando tossindo há duas semanas, minha irmã espirrando, fora o povo no trabalho, na rua e onde mais houver povo…
Como puderam notar, comecei esta crônica pelas “amenidades de elevador”, ou seja, aqueles assuntos que dizem respeito a todos e são bons para quebrar o gelo e falar algo quando, por exemplo, se espera o elevador ou uma consulta em que o médico atrasa.
Aliás, consultas que aumentam e muito neste período, afinal, para tossir e espirrar basta viver no RS! As escolas estão salpicadas de alunos trocando vírus e bactérias, tal a sazonalidade destes visitantes ingratos.
O assunto é tão dominante, que propicia temáticas para todos em um elevador lento, mesmo se a cara do vizinho estiver fincada no celular. A tosse, o espirro, o vento, a chuva, o sol, o calor, a garoa repentina, a noite mal dormida, é fácil debater tais amenidades, ainda mais com as alternância climática dos pampas.
Notei, inclusive, que o assunto preferido do pessoal é trocar receitas:
– Conheci um antialérgico, supimpa, tu não vais acreditar!
– Conta, onde eu consigo?
– Só conto se revelar onde acho aquele antitérmico maravilhoso que me apresentou noutro dia!
– Combinado, na tua casa ou na minha?
E por aí segue o povo, divagando ao redor de temas como: o que fazer para lidar com os efeitos de tanta mudança em nossos corpos se nem os meteorologistas estão se entendendo?
Dia desses, pela manhã, num programa de rádio, um deles garantiu que não ia chover e faria 26 graus naquele dia. A temperatura não passou de 20 graus e caiu uma garoa consistente boa parte da tarde.
Não é fácil lidar com tanta alteração, ainda mais com as imprevisíveis, o corpo padece! Qual a solução? Pensando em economia, sugiro abrir uma farmácia. Viram como tem farmácia? Não há esquina que não haja uma ou mais! Achei que fosse privilégio das paragens sulistas, mas vi que se alastram Brasil afora como a força de um vírus que não possui vacina.
Se fosse aconselhar um jovem pré-universitário, diria para fazer faculdade de Farmácia, não para abrir uma loja, mas para fabricar remédios. Não há indústria farmacêutica que não seja dona de um time de futebol, ao menos!
Retomando a questão climática, ouvi de amigos que moram em cidades como Recife e Maceió, que estão sofrendo – por poucos dias, é verdade – com friacas intensas. As frentes frias têm atingido Cuiabá e Porto Velho com força, vez ou outra. Já perguntei e até agora não encontrei solução: como sobreviver a tantas mudanças climáticas?
Fugir para o espaço não é fácil, bilionários estão tentando e indo só até a estratosfera. Migrar para as profundezas oceânicas, muito menos. Lá embaixo a pressão é muito maior do que aqui acima, literalmente.
Logo, a solução eu já dei, melhor, já citei por aqui: precisamos nos adaptar ao que temos, digo melhor, ao mundo que construímos. É inegável que as alterações climáticas são uma realidade graças ao tanto de habitantes deste planeta e seu modo de viver. Não há fuga! Resta então a sobrevivência.
E não será fácil. Viram as últimas notícias? O planeta teve a maior temperatura média registrada na história na primeira semana de julho, 17,18 graus celsius. Isso quer dizer que, somando a temperatura na Antártida e da Islândia com a temperatura da Flórida e de Londres, passando pelo Rio de Janeiro e pela África – para citar algumas costuras que eles fizeram –, tivemos a média mais alta da história humana.
Como escapar da armadilha climática que criamos? Não somos governantes para mudar as leis, tão-somente usuários deste planetinha. Não há receitas mágicas, apesar de as farmácias estarem recheadas delas e de os ‘coachs’ ditarem soluções fantasiosas para conquistar uma vida saudável nas redes sociais.
E nós, reles mortais, mais mortais a cada inverno, como haveremos de sobreviver a tantas alterações climáticas em tão pouco tempo? Só nos resta desenvolver mais e mais anticorpos e, na dúvida, “amenidades de elevador”. Segue uma dica:
– Que clima, hein!? Não tá fácil, povo tossindo e espirrando.
– Diz um velho ditado que, para sobreviver ao clima do sul, só sendo gaúcho ou cavalo.
– Tchê, vi dia desses, lá na Polícia Federal, um ruminante de quatro patas tirando passaporte.
– O quê? Não acredito! O que ele queria?
– Disse ao atendente que iria migrar para o nordeste…