O aumento da população idosa no Brasil não é novidade, mas pouco se vê em termos de iniciativas práticas para a assistência das pessoas com mais de 60 anos. Neste contexto de aumento de expectativa de vida, o Rio Grande do Sul ocupa posição de destaque há muito tempo.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua revela que o grupo de pessoas com mais de 60 anos avançou 1,5 milhão de habitantes em nosso Estado em 2012 para atingir a marca de 2,2 milhões em 2022. O Rio Grande do Sul registrou a maior aceleração em 100 anos. O RS encontra-se no topo do envelhecimento no país, seguido pelo Rio de Janeiro e São Paulo.
Segundo os analistas, os pontos positivos deste fenômeno residem no aumento da expectativa de vida e na redução da taxa de natalidade. Negativamente, no entanto, o fato impacta na incerteza em relação ao mercado de trabalho para esta faixa de idade e nos desafios da implementação de políticas públicas em relação ao setor previdenciário.
Infelizmente não existe um componente de educação que sirva de inspiração para oferecer melhores condições de vida para os idosos. Isso vai desde o respeito ao ser humano idoso até a possibilidade do mercado oferecer oportunidades de trabalho. Num país com tantas carências e tamanha disparidade social seria utópico imaginar que termos políticas efetivas para minimizar as mazelas oriundas do envelhecimento.
Além da quantidade de problemas urgentes a serem solucionados, como qualificar a educação, o aperfeiçoamento do sistema de saúde e a geração de empregos formais, além do combate à inflação, culturalmente o velho é considerado um estorvo. Isso pode ser observado dentro das famílias, na fila do supermercado ou mesmo no ambiente profissional.
O aumento do contingente de idosos no Rio Grande do Sul é um fenômeno que nos enche de orgulho e preocupações. Temos uma formação ética diversificada, mas nossos indicadores de renda, emprego e educação há muito tempo deixaram o topo do ranking.
Mantemos nosso orgulho histórico de sermos ”melhores em tudo” mais por questões de personalidade que aos olhos de outros Estados soa como arrogância. Há muitos anos fomos ultrapassados por vizinhos como Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso. Tratar nossos velhos com dignidade e respeito é a chance de mostrar ao Brasil que voltamos à luta por melhores índices.
Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]