A semana foi marcada por cobranças e paralisações por parte dos médicos do Hospital Santa Casa de Misericórd i a . P ro g r a m adopara o dia 25 de cada mês, os pagamentos dos salários não foram realizados, provocando mobilização da categoria. O tema já havia sido alvo de cobrança por parte dos médicos, através do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers). Em outras
op or t u n id ade s , a direção do hospital afirmou que o atraso dos repasses impossibilitou o cumprimento para com os profissionais. Nesta semana, ao falar sobre o tema, o diretor de interior do Simers afirmou que tal situação gera uma insegurança na classe médica. “Promessas surgem, mas o cumprir com o que está acordado não acontece”, afirmou Luiz Grossi. Na mesma linha,
os demais trabalhadores da instituição, como técnicos e enfermeiros, também sofrem com o problema de atrasos, geralmente o pagamento ocorre entre 20 e 23 de cada mês, mas em abril foi no dia 24. Presidente do Sindicato do Trabalhadores em Estabelecimento de Saúde, Silvio Madruga explica que antes daintervenção, como h o s p it a l p r iv a d o que é, a Santa Casa foi comandada por uma hierarquia que “não pensou no hospital de hoje e o que resta hoje para classe é pagar a conta para manter esse hospital aberto com o enorme passivo trabalhista com a categoria de todos
os seus direitos da CLT”, disse. E complementou: “Por sucessivas más administraçõ es que, a cada ano que passa, aumenta a dívida desse hospital que foi ferido mortalmente na ética e no
significado de filantropia com o maior número de trabalhador deste nosocômio que, sem eles, não tem saúde para o povo santanense”. Com este contexto posto, A Plateia buscou entender quais
são os atuais entraves que bloqueiam a movimentação financeira do hospital. A direção explica que a instituição trabalha como prestadora de serviço ao Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja, é remunerada após a entrega do relatório de atendimento. Em junho de 2019, quando era administrada pelo Instituto Salva Saúde, alvo da operação da Polícia Federal denominada S em Misericórdia, que investiga um possível desvio de recursos da instituição, a Santa Casa recebeu um adiantamento de um mês no pagamento da prestação de serviço. “Desde então, o hospital
tem um lapso maior entre a entrega de relatório ao SUS e o devido pagamento pelo serviço”, explica a diretora Leda Marisa.
CONFIRA ALGUNS PROCEDIMENTOS COM A COMPARAÇÃO DE QUANTO CUSTA E QUANTO O SUS PAGA:
TABELA SUS DEFICITÁRIA
Se já não bastassem os problemas enfrentados a partir da demora em receber o recurso por temas que ainda são investigados pela Justiça, a Santa Casa enfrentatambém os problemas que são inerentes aos hospitais filantrópicos de todo o Brasil, a remuneração deficitária envolvendo a tabela SUS. A Plateia questionou ao hospital alguns procedimentos que “não se pagam”,
ou seja, que a tabela SUS remunera X, mas o hospital gasta 2X. Entre os procedimentos, está a terapia com surfactante, administrada ao recém- -nascido através de um tubo inserido na boca
que chega à traqueia, imediatamente depoisdo nascimento na sala de parto para tentar prevenir a síndrome da angústia respiratória, algumas crianças, especialmente as prematuras precisam
para acelerar a maturação pulmonar. Tal procedimento, custa em média R$ 2.310,00, mas o SUS paga somente R$ 519,00. “O fato de não pagar metade do que foi investido para prestar o serviço, pois os valores são defasados, gera um déficit que vai se acumulando. Gerando pendências, dívidas, impedimentos e restrições de todas as naturezas. O recurso insuficiente que entra se transforma na dificuldade de cumprir com os compromissos para prestar o serviço”, complementa a diretora.
ÚLTIMO MOMENTO
Até o fechamento desta edição, o hospital Santa Casa ainda não havia recebido o recurso de prestação de serviço devido pelo Estado do Rio Grande do Sul, referente ao programa Assistir. Com tal situação, a instituição não cumpriu com o pagamento dos médicos que atuam no nosocômio, que seguem com as paralisações previstas para a próxima semana, impedindo os procedimentos
de cirurgias eletivas.