Buenas!
O Rio de Janeiro e eu temos uma história de quase 30 anos de idas e vindas, de imersão e paixão… Não é novidade para a maioria das pessoas que aqui chegam, não importando se dos rincões gaúchos ou da Riviera Francesa, apaixonar-se pela cidade é inevitável.
Qual cidade no mundo reúne tanta história e cultura? E, não bastasse isso, decora suas paisagens com praias paradisíacas mundialmente famosas e montanhas salpicadas aqui e acolá, como que para compor cenários cinematográficos.
Quem ainda não conhece o Rio, recomendo, não importa a época do ano. Antes de virem, saibam que ele não é só o que assistimos nas novelas globais, recheado de glamour e gente bonita dos condomínios da Barra e Leblon, mas também não é só palco de tiroteios e balas perdidas nas favelas e comunidades, como vemos nos telejornais.
Há uma grandiosa cidade por trás do que vemos na televisão. Não tenho como descrever toda ela, ficarei com a cidade que me é cara, que conheci pela primeira vez há quase trinta anos e, por óbvio, me encantei perdidamente.
Quase sem dinheiro, embarquei para uma viagem de ônibus, mais de 24 horas sentado num banco, para chegar aqui e fazer o que todo turista faz: banho em Copacabana, subir ao Cristo Redentor, balançar no bondinho do Pão de Açúcar. Mas o que me cativou deveras, foi o Museu Nacional de Belas Artes e a Biblioteca Nacional, além das praias, é claro.
Impossível esquecer a sensação daquele deslumbramento da juventude. Com o passar dos anos, voltei mais vezes de ônibus, ignorando a demora de um dia, isso só para uma perna! Quando jovens, temos tempo, mas pouca grana para fazer tudo que temos vontade. Quando mais velhos e a grana deixa, escolhemos voos diretos e que pousam no aeroporto mais próximo do centro. Exigências da maturidade e do ciático…
Com o tempo e os grandes eventos que o Rio sediou, o trabalho me proporcionou morar temporadas curtas, é verdade, na cidade maravilhosa. Imaginem a situação: aquele jovem que amargara diversas viagens de ônibus, agora era pago para pegar um avião e habitar Copacabana por dois ou três meses. A vida é surpreendente, não acham?
Trabalhei nos grandes eventos que o país e a cidade acolheram: Rio+20, Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas Rio 2016. Subi morro, andei pela periferia, conheci favelas, vi a pobreza que toma conta de alguns lugares da bela cidade.
Mas também participei de eventos no Copacabana Palace, mergulhei no mar gelado de Ipanema, renovei as forças nas ondas intensas do Leme, dentre outras belas praias.
Tive a felicidade de cruzar com medalhistas olímpicos, bater bola com Pelé – tenho foto para comprovar –, debati com personalidades artísticas e escritores. Foram tantas experiências diferenciadaa que não poderiam acontecer em outro lugar do mundo. Só aqui.
Desta vez, estou praticando uma viagem de férias, mas também com compromissos. Aproveitei para visitar lugares caros à memória e belos para mim. Perambulei por livrarias e bibliotecas em que me achei ao longo das várias viagens que fiz.
Comparei o olhar do cinquentão com o ponto de vista do jovem estupefato por estar em uma das cidades mais famosas do mundo. As sensações são diferentes, contudo, a emoção é similar, ainda que vivenciei muitas mudanças. O ciático que o diga!
E não digo evolução na admiração pela cidade, essa não mudou, não importa a época. Apesar da sujeira em alguns pontos, o excesso de moradores de rua, nesta cidade encontrei pessoas relevantes, livros e mais livros e mapas que guiaram minhas descobertas machadianas que propiciaram meu mestrado. A escrita e a defesa foram na UFRGS, mas as fontes foram cariocas. Custa superar minha modéstia, mas confesso saber mais da história urbana do Rio que 90% de seus habitantes.
A cidade faz parte de meus momentos formadores. É bom demais flanar pelas ruelas do centro histórico, algumas, são as mesmas do século XIX, que acolheram passadas de Machado de Assis e Alencar. Agora acolhem meus passos por entre a balbúrdia urbana.
Adentrar um sebo cheio de livros, os prédios centenários do Teatro Municipal, da Biblioteca Pública e da ABL resgatam memórias de tempos vividos e, também, imaginados através de minhas leituras…
Viajar é preciso, já disse o poeta português e já o citei doutra feita. Viajar e refletir sobre as milhas que acumulamos e as vivências que experimentamos é mais do que preciso.
E, portanto, fazer pausas reflexivas é importante para valorizar o que fizemos de bom, apesar de sabemos que passos dados não serão repisados, mas podem, melhor, devem balizar os futuros, nossas caminhadas futuras, seja em cidades novas, ou em cidadãos maravilhosas…