No universo rural existem as mais variadas profissões, muitas delas conhecidas do público em geral, por fazerem parte da nossa cultura, história e tradição gaúcha. Uma dessas profissões é o
esquilador, responsável por realizar a tosa das ovelhas. O ato de tosquiar as ovelhas, ou seja, tirar a lã, é necessário para a saúde do rebanho. A retirada da camada de lã garante qualidade de vida e conforto ao animal. As ovelhas precisam deste procedimento para manutenção do corpo e controle de parasitas. Com o passar do tempo, a retirada da lã se tornou uma atividade econômica, gerando renda tanto para os produtores com a comercialização do produto, quanto para os esquiladores que se reuniram em “comparsas” para realizar o serviço nas propriedades rurais. Embora o mercado da lã já tenha tido a “sua época de ouro”, quando os produtores pagavam praticamente todo o custeio de um ano de produção com a safra de esquila, o setor hoje enfrenta algumas dificuldades como a falta da mão de obra qualificada, pelo baixo custo pago pelo produto e concorrência com os sintéticos do mercado têxtil. Com o mercado cada vez mais competitivo ebuscando lãs cada vez mais finas, os produtores têm a necessidade de melhorar a qualidade do produto, desde a genética até o manejo, e colheita correta da lã. E este trabalho passa exatamente pelas mãos do esquilador. No Rio Grande do Sul, o modo tradicional é a tosa a martelo (utilizando tesoura e animal amarrado), porém, de uns anos para cá, um novo método chamado tosquia tally-hi desenvolvido na Austrália (com a utilização de máquina elétrica e o animal solto) vem ganhando espaço nos galpões do Estado e também na Argentina e Uruguai. Conhecida também como tosquia australiana, o método garante um melhor aproveitamento da lã e traz muitos benefícios tanto para o animal, quanto para o profissional e produtores. Nesta semana, o técnico do Senar, Claudiomar França Batista, ministrou um curso ofertado em parceria com o Sindicato Rural. “Estamos formando mais uma turma nessa profissão. Este método australiano faz com que as passadas da tesoura na ovelha permitam que a colheita da lã seja feita da melhor forma. Então, a ovelha fica bem acomodada, evitando o estresse do animal e o trabalho fica melhor”, explica. Questionado sobre quais são as diferenças entre as duas modalidades de tosquia, o professor detalha que é o aproveitamento melhor do produto final. “No método tradicional, o profissional trabalha com o ovino maneado, o que muitas vezes acarreta em o animal urinar e defecar na cancha, gerando assim uma contaminação do produto, além de necessitar trabalho de mais um funcionário. No método australiano, devido ao animal estar ‘desmaneado’ e confortável, isso raramente acontece. Além disso, as passadas são diferentes e o aproveitamento também é melhor porque a lã é colhida rente à pele do animal. Tem o rendimento de ganho de tempo também, é mais rápido no método australiano”.