sex, 3 de janeiro de 2025

Variedades Digital | 27 e 28.12.24

Aos mestres, com carinho. Mas me deixa andar sozinho!

Buenas!

Filmes são excelentes motivadores para refletir sobre a vida, sobre escolhas e rumos. Como bonificação, inspiram deverasmente cronista mundo afora no preenchimento de suas páginas brancas.

Assisti no último fim de semana “Um método perigoso”, que estreou em 2012. O elenco estrelado dá respaldo ao enredo baseado em fatos reais. Vou resumir a história, evitando detalhes, além dos já conhecidos pelos estudiosos das personalidades históricas, que são, até hoje, extremamente relevantes.

Carl Gustav Jung (interpretado por um competente Michael Fassbender) é um jovem médico aplicando as inovadoras teorias de Sigmund Freud (desempenhado pelo sempre preciso Viggo Mortensen) no início do século XX.

O tratamento é tão bem sucedido, que a jovem russa Sabina Spielrein (Keira Knightley está primorosa no papel) não é só curada da psicose histérica – que motivou a internação –, como ingressa na faculdade de medicina e torna-se uma das primeiras psicanalistas do mundo.

Quero me ater à relação que transparece no filme entre os dois maiores psicanalistas da história, deixando de lado a parte erótica, excelente, por sinal. No início, veneração paternal. Com o passar do tempo, surgiram as primeiras rusgas, concentradas nos métodos que o jovem queria implementar, podados pelo veterano.

Não vou adentrar os detalhes, somente direi que o aprendiz quis ir além do que vaticinou o mestre, causando o rompimento definitivo de relações. Eles não foram os únicos, muito menos os primeiros.

O pintor e biógrafo Giorgio Vasari afirma que Verrocchio, mestre de Leonardo da Vinci, em meados de 1470, largou os pincéis diante da genialidade de seu mais famoso aprendiz. Pode ser verdade, mas sabemos também que o preceptor preferia a escultura em bronze antes das tintas.

Já Michelangelo, algumas décadas depois, afirmou com veemência que “é indigno o aprendiz que não superar seu mestre”. A afirmação nos chegou também através de Vasari, que idolatrava o turrão escultor do “David”, hoje em Florença.

Tentando compreender como a relação do mestre com o aprendiz pode influenciar a carreira de médicos e artistas, encontramos referências não só em teorias psicanalíticas, mas também nas evolutivas.

Alguns animais que habitam as savanas africanas possuem particularidades que se assemelham aos casos citados acima, e não pratico nenhuma heresia afirmando isso. Vou explicar.

Todos já vimos documentários deste tipo, tanto no Globo Repórter quanto na National Geografic. Bandos compostos por mamíferos, como os grandes felinos, por exemplo, vivem respeitando uma hierarquia, em que o mais velho, enquanto mais forte, mantém o controle do bando e a primazia da reprodução.

Os machos, quando atingem idade próxima da adulta, sentem-se compelidos a desafiar aquele que outrora o protegeu, cuidou do bando, o líder, não só por rebeldia, muito em prol da perpetuação de sua linhagem. Quando vitoriosos, colhem o respeito dos pares e o direito de se deitar com as fêmeas do grupo. Derrotados, precisam deixar o bando, errando pelos descampados até encontrar um lugar em que se sintam acolhidos e possam começar uma nova “família”.

Jung tinha em Freud não só a figura de um guia, fora seu “padrinho” intelectual. Isso não impediu o suíço de romper com o austríaco quando quis caminhar por caminhos que o outro discordava. Como diria o próprio Freud em seu “complexo de Édipo”, o filho precisa romper, “matar” o pai para ter o seu espaço, criar a sua família, trilhar sua estrada.

Leonardo da Vinci, que era filho bastardo e fora criado por seu avô, tinha uma relação complexa e um tanto tortuosa com a paternidade. Apesar de ir além de seu mestre, só saiu do ninho de seu instrutor próximo dos trinta anos. Inclusive, Freud disserta sobre a infância de Leonardo em um de seus famosos artigos.

Michelangelo era um individualista, muito cedo cortou relações com seus mestres, buscando orientação e guia na natureza e nos mestres greco-romanos que estudava com afinco, ignorando os vivos.

E os jovens de hoje, como lidam com a mola instintiva que os impele para a conquista do próprio espaço? Vou exemplificar com um caso rápido. Ontem, na farmácia, negociava a compra de um shampoo especial com minha filha de 19 anos, que mora com a mãe dela.

A atendente, ouvindo nosso diálogo, riu e disse que seu pai fazia o mesmo. Primeiro diz que não vai comprar, depois cede à pressão do filho. Rimos, e ela complementou, que apesar de seus trinta e ter um filho pequeno, ainda assim prefere morar com seus pais.

Será isso regra? No seu tempo, como foi? Eu saí de casa aos vinte anos em busca de meu quinhão no mundo. Porém – o sempre questionador e útil porém – seria diferente se tivesse uma família com uma estrutura familiar mais acolhedora?

E como será no futuro? Os jovens que hoje moram com os pais, vão sair de casa por bem e interesse ou só vão largar a barra da saia maternal com ordem judicial e PM chutando a porta?

Não sabemos muito bem como será o porvir. Sabemos que, apesar dos instintos animalescos em nosso DNA, não podemos esquecer que o meio influencia, deveras, o ser humano.

Sendo assim, pais do novo milênio, como é o ninho que vocês mantêm em casa? Ele fomenta o desejo instintivo de enfrentar o pai em busca de seu caminho ou criaram um meio propício (e não beligerante) ao voo solo e a evolução? Não esqueçam que a principal função do mestre é ensinar o aprendiz a criar seus métodos, não importa se pintor, escultor ou psicólogo, não é?

Primeiro Bebê de 2025 nascido em Sant’Ana do Livramento: Oscar Silva Ferretjans

Na manhã de 1º de janeiro de 2025, Sant’Ana do Livramento celebrou a chegada do primeiro bebê do ano, um presente para a cidade nesse novo ciclo. Às 12h23, na Santa Casa de Misericórdia, nasceu Oscar Silva Ferretjans, filho do médico Dr. Conrado Ferretjans e de Camile Menezes. Com 3,260 kg e 48 cm de pura fofura, Oscar chegou ao