Há algum tempo convivemos com um verdadeiro “calendário multicolorido”. Cada mês é caracterizado por uma tonalidade com o objetivo de chamar atenção sobre problemas de saúde. Neste início de ano temos o “Janeiro Branco”, movimento social dedicado à construção de uma cultura de saúde mental. É, também, nome do instituto que coordena o movimento. O objetivo é chamar a atenção para as necessidades da saúde mental do ser humano.
Entre as enfermidades mentais que mais preocupam as autoridades sanitárias destaca-se a depressão. É uma doença cujo aumento de casos foi turbinado pela pandemia, com ênfase entre os idosos. Obrigados a ficar dentro de casa, sem direito à visita de familiares e amigos, esta população sofreu intensamente as restrições impostas pela covid que se arrastou por dois anos.
Para os especialistas, a depressão é o quadro mais comum entre os pacientes mais velhos. A manifestação da enfermidade nesta faixa etária pode ocorrer de formas diferentes em relação a pacientes de outras idades. Isso dificulta a identificação da doença. Alguns fatores contribuem para que a depressão seja mais comum nesta faixa etária, como doenças, aposentadoria, solidão, luto por amigos e parentes e falta de propósitos de vida.
Cientistas afirmam que envelhecer também implica em longas e pro-fundas reflexões sobre o passado, acarretando arrependimentos e sofrimento por decisões que se mostraram equivocadas ao longo dos anos. É comum remoer análises sobre escolhas, oportunidades perdidas, rumos que a vida tomou nas últimas décadas.
A perda de autonomia, consequência da velhice, agrava o quadro, passa uma sensação de fardo, principalmente para os filhos. Depender deles é considerado humilhante pelos idosos. Nem todos aceitam ajuda. Leitura e atividades físicas são consideradas verdadeiros bálsamos no combate à tristeza profunda, mas é preciso motivação.
Especialistas em saúde mental advertem que não existe doença pior do que a doença mental porque ela ataca o centro de todos os cuidados. E que a depressão tardia, que se instala após os 60 anos, tende a ser mais agressiva e resistente. Portanto, neste janeiro – que fecha e abre um novo ciclo – vamos ficar de olho na saúde mental.
Gilberto Jasper
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