Buenas!
O IBGE iniciou seu trabalho mais conhecido e, cabe salientar, de extrema relevância para a nação: realizar o censo demográfico da população brasileira. Sim, estou sabendo que está atrasado dois anos, afinal, a pandemia não deixou fazer tudo que temos vontade, menos ainda o que precisávamos. Também seu que o governo não quis gastar dinheiro com isso, mas, felizmente, tudo foi superado. Apesar do pequeno delay de dois anos, a pesquisa que mede as mudanças estruturais e sociais da população brasileira e que é feita de dez em dez anos, está sendo realizada.
O recenseamento é um processo gigantesco da administração federal com o intuito básico de conhecer como evolui – e se evoluiu – a população. Um batalhão de pesquisadores é contratado temporariamente para bater nas portas dos brasileiros e perguntar algumas coisas básicas e outras um tantas complexas. Pessoal não precisa ter medo, muito menos a senhorinha deve soltar os cachorros, todos são treinados e não pedem nada além de informação e um copo d’água, por favor.
Contudo, não esqueçam que há uma pequeníssima parcela dos brasileiros que agem como uma Itaipu de criatividade, mas que geram somente faíscas. E, quando usam sua energia criativa, o fazem para dar golpes. Peçam para ver o crachá e a identidade do recenseador. Com eles em mãos, consulte o RG ou CPF daquele cidadão de crachá e jaleco no site do IBGE. Com isso, estarão seguros para liberar uma cadeira, manter o cachorro na coleira e fornecer aquele copo d’água que estava em suspenso.
Apesar da relevância deste trabalho, ele é temporário, além de não ser o que melhor remunera no mundo. Ainda assim, conseguiu virar notícia nesta semana pois os contratados não estavam recebendo seu pagamento corretamente. Sim, há falhas no sistema, apesar do censo ser realizado desde 1872, caríssimos leitores.
Mesmo assim, o trabalho está sendo feito e muitos questionários foram realizados. Pasmem, eu tive acesso. E vocês, privilegiados leitores, vão receber as primeiras impressões das pesquisas…
Em relação às moradias, a lista é diversificada, conforme constatado. Uma minoria 3,2%, que respondeu: casa da praia, apartamento de luxo e compra de partes de hotéis para investimentos. Uma minoria que aumentou bastante em relação ao último censo. Já o número que respondeu: barraca instalada na praça ou debaixo da marquise teve incremento, são mais de 12,5%. Prestação atrasada é outra modalidade com muitos adeptos, parece que é tendência no ramo imobiliário, atingindo mais de 35%. O restante respondeu: moro onde o dinheiro dá conta.
Na parte do questionário que trata da escolaridade, os entrevistados perguntaram se contava a cola, mas os recenseadores parece que ignoraram esta parte. No quesito ensino fundamental e médio, abandonei, foi o termo que mais se ouviu, 42%. No ensino superior a palavra dominante foi: tranquei, 39%. Larguei veio logo atrás, com uns 23,4%.
Quando adentraram a parte do emprego, boa parte antecipava-se ao questionário, perguntando: onde faço a ficha? Investidor e analista financeiro foram identificados em ao menos 9,2% das respostas, um aumento significativo em relação ao último censo. Já motoboy foi imbatível: 42% disseram que exercem a função que mais cresceu nestes dez, digo, doze anos que nos separam do último censo.
Também foram identificadas novas profissões com perfil dominante e empreendedor: motorista de aplicativo, 29% dos questionados exercem esta função, às vezes, concomitante com outra profissão menos valorizada, como professor, que apresentou uma queda significativa: 12,7% disseram que exercem tal tarefa.
Dentre as novas profissões, a que mais ganhou destaque foi a de influenciador digital: 69% responderam que exercem tal atividade, não importando a moradia, nível escolar e o rendimento amealhado, mesmo quando não há rendimentos. Cuidador de pets também ganhou espaço neste censo, atingindo 8,2% da população questionada. Porém, sem ocupação definida, teve uma valorização ímpar, sendo a resposta preferida de 63% dos entrevistados, que evitaram responder Do lar, líder até meados do findar do século passado – aliás, os agentes do IBGE disseram que muitos perguntaram: O que é lar?.
Em suma, encontramos neste resumo uma pequena amostra das primeiras entrevistas realizadas. Apesar dos recenseadores não receberem seus vencimentos no prazo, estão realizando seu digno trabalho. Mas, como se diz no interior, as melancias se ajeitam com o andar do Brasil, digo, do caminhão. O que será que teremos nos próximos números do censo?