O anúncio do pedido de demissão de parte do corpo de médicos da Santa Casa de Misericórdia de Sant’Ana do Livramento causou ainda mais preocupação à comunidade santanense. O anúncio foi feito pelo representante do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Luiz Alberto Grossi, que alega falta de pagamento de dívidas da Santa Casa ao corpo médico remanescente dos últimos três anos.
Médicos de diversas especialidades estão assinando o pedido de demissão. Grossi afirma que o Sindicato tentou estabelecer diversos contatos junto à Direção da Santa Casa e com a Prefeitura Municipal, mas teve o que chamou de “pouca receptividade, sempre alegando falta de dinheiro”. “O problema é de gestão. Um hospital para viabilizar seu funcionamento adequado, deve ter 60% dos atendimentos pelo SUS e 40% por convênios particulares. Esta é a equação correta para que o hospital tenha um equilíbrio financeiro”. Em assembleia, os médicos definiram por unanimidade a suspensão dos atendimentos eletivos, a redução de baixas hospitalares e anunciaram suas demissões em massa, respeitando o aviso prévio de 30 dias.
CONTRAPONTO
Ela defende a ampliação no investimento da Santa Casa e na manutenção da oferta de serviços gratuitos, sem que sejam necessárias ações extremas, como a suspensão de pagamentos de prestadores de serviços, como os de médicos. “Eu sou uma defensora do SUS, mas o SUS precisa ser devida e efetivamente financiado. A Santa Casa não possui previsão de lucro, mas ela não pode se endividar para manter um serviço que é obrigação do Estado”.
MEDICAMENTOS INFLACIONADOS
Além da situação dos recursos médicos, a inflação nos medicamentos vem aumentando. Um exemplo é o medicamento usado no tratamento de infarto agudo do miocárdio, que antes custava R$ 2.299,88 cada ampola. Devido a falta do medicamento no mercado, o valor subiu para R$ 3.400,00 a ampola.
Para completar a situação, a remuneração ainda está diminuindo. Em casos de pacientes internados por Covid-19, por exemplo, antes era pago R$ 1.500,00 por dia de internação. A partir do mês de junho, a remuneração passou para R$ 157,99. Atualmente, a Santa Casa tem um paciente internado na UTI com Covid desde o dia 18 de junho. O valor pago é insuficiente para os medicamentos.