Na tarde desta quarta-feira (22), o anúncio da demissão de parte do corpo de médicos da Santa Casa de Misericórdia de Sant’Ana do Livramento causou preocupação à população santanense. O anúncio foi feito em entrevista exclusiva ao programa Boa Tarde Cidade, da RCC FM, pelo representante do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS), Dr. Luiz Alberto Grossi.
Ele alega que, devido a falta de pagamento de dívidas da Santa Casa ao corpo médico remanescentes dos últimos três anos, médicos de diversas especialidades estão assinando um pedido de demissão, o que inviabilizará a realização de cirurgias eletivas no município e comprometerá o funcionamento do hospital, que realiza 95% dos atendimentos via Sistema Único de Saúde (SUS). Grossi afirma que o Sindicato tentou estabelecer diversos contatos junto à Direção da Santa Casa e com a Prefeitura Municipal, mas teve o que chamou de “pouca receptividade, sempre alegando falta de dinheiro”.
“O problema é de gestão. Um hospital para viabilizar seu funcionamento adequado, deve ter 60% dos atendimentos pelo SUS e 40% por convênios particulares. Esta é a equação correta para que o hospital tenha um equilíbrio financeiro”. Em assembleia, os médicos definiram por unanimidade a suspensão dos atendimentos eletivos, a redução de baixas hospitalares e anunciando suas demissões em massa, respeitando um aviso prévio de 30 dias.
CONTRAPONTO
A diretora administrativa da Santa Casa de Misericórdia de Sant’Ana do Livramento, Leda Marisa da Silva, manifestou preocupação acerca do anúncio. Ela alega que a Santa Casa é “subfinanciada”, o que, segundo ela, “mantém um ciclo de falta de recursos na administração e na distribuição desses recursos, incluindo os pagamentos em débito com fornecedores e prestadores de serviço. Ela confirmou a informação sobre o aviso prévio de saída de mais de 15 médicos do corpo clínico de diferentes áreas, mas garantiu que as tratativas de negociação serão mantidas e ampliadas com a categoria.
Ela defende a ampliação no investimento da Santa Casa e na manutenção da oferta de serviços gratuitos, sem que seja necessário ações extremas, como a suspensão de pagamentos de prestadores de serviços, como os de médicos. “Eu sou uma defensora do SUS, mas o SUS precisa ser devida e efetivamente financiado. A Santa Casa não possui previsão de lucro, mas ela não pode se endividar para manter um serviço que é obrigação do Estado”, destacou.