qua, 15 de janeiro de 2025

Variedades Digital | 11 e 12.01.25

Santanense, radicado em Madrid, dedica seu tempo aos estudos e ao ensino

Gabriel Duarte Costaguta faz doutorado na Universidade Autônoma de Madrid, onde também ministra aulas nas faculdades de Direito e Ciência Política
Gabriel Costaguta e ao fundo a Catedral de Santa Maria de Almudena, em Madrid, durante conversa com o Jornal A Plateia (Foto: Rodrigo Evaldt/AP )

Espalhados pelo mundo, os santanenses encontram-se radicados pelas principais capitais da Terra. Na missão do Grupo A Plateia em Madrid, na Espanha, não foi difícil de encontrar um, ainda mais em destaque no cenário local, já que se trata de um professor nas faculdades de Direito e Ciência Política Universidade Autônoma de Madrid (UAM-ES), onde também é doutorando. Gabriel Duarte Costaguta, de 34 anos, está há quatro radicado na cidade que é capital da Espanha.
Desde que saiu de Sant’Ana do Livramento, em 2005, Gabriel dedicou cada minuto de sua vida aos estudos. Foi assim quando fez a faculdade de Design Industrial e de História, seguida do mestrado em História das Sociedades Ibéricas e Americanas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre. “Quando eu estava na metade do mestrado, apresentei um trabalho no 46º Congresso Internacional de Americanistas, onde fazia uma comparação da política do século XX da Argentina e do Brasil e a professora Gabriela de Lima Grecco me convidou para um café, perguntou sobre as minhas intenções de doutorado, me abrindo as possibilidades para eu participar de um processo seletivo para vir para cá”, conta.
Atualmente, na faculdade onde recebeu a oportunidade para fazer seu doutorado, Gabriel dá aula e dedica-se ao estudo da história do pensamento político e social brasileiro e ibero-americano do século XX sob a perspectiva da história intelectual. Caminhando pelas ruas de Madrid, o santanense explica que receber o convite para estudar fora é algo que precisa ser construído desde o início da trajetória na universidade. “Não é algo impossível, mas é necessário muito cuidado com a construção da trajetória. Dentro da formação, é necessário construir na graduação, na base. Desde o conhecimento linguístico, para poder se comunicar com outras pessoas, para abrirem outras portas”.

MADRID X LIVRAMENTO

Madrid é considerada uma das principais capitais da União Europeia. Apesar de ser grande, contando com mais de três milhões de habitantes, tem a segurança prezada pelas autoridades, que logo são notadas por quem a escolhe para viver. A realidade é bem diferente do que se vive no Brasil atualmente, que exige mais atenção de quem sai às ruas. “Quando eu cheguei aqui, se mantiveram algumas dessas práticas (de atenção e cuidado), mas também se internalizou essa naturalidade de poder caminhar sem essa preocupação de estar cuidando sempre. A segurança é um ponto a ser destacado”.

Gabriel e sua mãe, Suzana Duarte (Foto: Arquivo Pessoal)

Na mesma linha do comparativo, algo inevitável para um brasileiro ou qualquer outra pessoa que chegue de fora da União Europeia, está o poder de compra. “Madrid, não é tão cara, se comparada com outras cidades da Europa. O que Madrid tem (de bom) também é o clima, muito diferente de outras capitais europeias, então é muito buscada por alemães, franceses e italianos, por exemplo”, relata Gabriel e continua: “ter um transporte bom, acessível e que te cobre razoavelmente bem e condizente com o teu salário, é outro ponto. Temos boas universidades e opções culturais de graça, na rua”.
Questionado sobre o que lhe causa estranheza negativa com o estar em casa, Gabriel destaca os relacionamentos, já que – diferente do Brasil – levam mais tempo para serem construídos. “Se tem uma parte ruim, digamos, é ficar muito longe das pessoas que, de alguma maneira, tu compartilhas símbolos. Por exemplo, coisas normais que a gente faz no nosso dia a dia longe de casa, a nossa rede, algumas piadas internas, falar a própria língua, compartilhar pensamentos que são comuns sobre o teu dia a dia, são coisas muito difíceis aqui, essa construção de afetividade. No entanto, de alguma maneira, isso também nos fortalece. Eu sempre penso que quando eu chegar no final da minha vida, eu vou abrir o álbum das coisas que eu vivi e vou ficar satisfeito”.

Durante a conversa, Gabriel relembrou momentos com seus amigos que moram no Brasil: Santiago Esteves, Rui Ruyer, André Zanirati, Pablo Gonçalves e o seu irmão, Antônio Costaguta, conhecido no Estado como El Topador (Foto: Arquivo Pessoal)

Mesmo a mais de nove mil quilômetros de Sant’Ana do Livramento e já com a documentação espanhola, Gabriel Costaguta não perde as raízes com a terra natal, onde ainda vive parte de sua família. Durante a conversa, ele lembrou da Escola Professor Chaves, educandário onde recebeu sua primeira formação. “Eu sigo o Professor Chaves em tudo que eu posso, os grupos que têm no Facebook, fico vendo as fotos e comparando, e tendo aquela nostalgia imensa”, afirmou.