sáb, 19 de abril de 2025

Variedades Digital | 19 e 20.04.25

DIA DOS NAMORADOS E A CRISE

Buenas!

            Dia dos namorados está aí e nós como estamos? Correndo atrás da máquina, e em vários níveis. É um tal de liga para restaurante, passa na floricultura, corre para as lojas em busca de algo apresentável, procura uma caixa de bombons sem glúten, sem açúcar e com chocolate vegano, etc. Isso tudo porque todo mundo espera algo de um sábado à noite.

Mas, peraí: o tal do dia dos namorados irá cair num domingo, neste ano. Ufa, facilita um pouco, dá para ir com maior moderação, afinal, na segunda o bicho pega, para a maioria dos seres humanos, agora que findou o teletrabalho, em tese, ao menos. Não há como fugir da tradicional segunda-sua-maldosa-e-sempre-criticada-feira…

Mesmo assim, é difícil encontrar desculpas! Inclusive, ouvi de amigos malfadados que foram intimados a programar não só um jantar romântico no sábado, mas complementar com um almoço aconchegante e familiar no domingo. Dizem, suas respectivas companheiras, que não podemos desperdiçar oportunidades!  Na defesa da data, os apaixonados usariam a frase de Camões: “O amor é um fogo que arde sem doer…” Acho que no tempo dele não existiam datas que obrigavam o bolso a arder em chamas consumistas…

Porém — não podemos deixar o porém de fora, como sempre; para realizar uma ponderação equilibrada, temos de ver mais de um lado da situação, não concordam? —, vivenciamos uma crise financeira só conhecida por aqueles que já passaram dos quarenta, que é o meu caso…

Desde o início da pandemia, o comércio sofreu baixas em suas vendas. Com a retomada da vida à sua normalidade, querem incrementar os negócios em datas como a que se aproxima. Entretanto, a coisa piorou pois, como sempre digo, sempre pode piorar. Eclodiu mais uma guerra sem sentido — alguma guerra já teve sentido? — amplificando uma inflação desenfreada que assola o mundo todo, mais ainda as terras brazucas.

Agora, leitor atento e reflexivo, pergunto com algum temor, porém com bravura na entonação: por que cargas d’água precisamos celebrar uma data provocada e premeditada pelo mercado, aquele mesmo que nos provoca para consumir e, com isso, alimentar ainda mais o obeso dragão da inflação? Ele, com chamas intensas, derreteu a poupança daqueles outrora afortunados, deixando na míngua muitos que já sofriam barbaridades com as mazelas pandêmicas.

Nessas horas eu penso o quanto somos influenciáveis pela propaganda massiva que era apresentada pela televisão, hoje invade as redes sociais que portamos em nossos celulares portáteis.

Por que precisamos fazer o que todo mundo faz, comprar presentes em datas criadas pelo próprio comércio, somente para deixá-los mais e mais felizes, por mais que nosso orçamento não esteja favorável à compra de presentes, principalmente se eles não configuram artigos de primeira necessidade? Sem contar que pessoas que já moram juntas não poderiam ser consideradas namoradas, logo, poderiam pular esta comemoração e, consequentemente, gastança!

Devemos, com urgência, revisar este código pré-determinado que nos empurra para o consumo de produtos, quando não existe nenhuma motivação plausível, além de alimentar a sanha consumista e a mão invisível do mercado. Precisamos pensar nos desprovidos, nos irmanar com aqueles que pouco possuem e muito necessitam.

Pronto! Acho que a argumentação está bem fundamentada para, neste ano difícil, evitar a ida ao shopping, ligar para restaurantes, encontrar uma loja de bombons decente, passar em floricultura ou pesquisar sites com promoções ilusórias, além de correr atrás de um presente que seja condizente com ela – ou ele, cada qual com seu respectivo companheiro. Diriam os amigos de Lucíola, no romance homônimo de José de Alencar, de 1862: “A mulher que nada pede é a pior, pois nunca sabemos como agradar.” Com o arrazoado que formulei, poderei evitar tudo isso…

— Alô: Oi, amorzinho, tudo bem? Sim, estou acordado. Eu sei que é sexta, já é tarde, mas estava aqui escrevendo um pouco… Peraí, deixa ver se entendi: tu queres saber se eu já reservei nosso restaurante preferido, aquele que sempre está lotado nesta época do ano? Queres ir no sábado, véspera do dia oficial dos namorados? Mas sábado é pior ainda… Mas… Olha só, eu queria falar uma coisa… O quê? Tu estás só esperando pelo meu presente? Claro, claro que comprei, não esqueci. Tu já compraste o meu? Sim, sim, tenho certeza que gostará… Sim, amanhã de noite a gente troca os presentes, sim…

Mudando de assunto, será que alguns dos meus sábios e prudentes leitores, que já fizeram a lição de casa, sabem que horas abre o shopping no sábado? Alguma dica de floricultura com preço acessível? Sabe como é, a crise tá aí, o mês continua e o salário já se foi, cartão de crédito estourado, etc.

Audiência Pública em Brasília debaterá crise no Agro Gaúcho e buscará soluções urgentes

  A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, da Câmara dos Deputados, realizará, no dia 22 de abril (terça-feira), às 15h, uma Audiência Pública crucial para debater a grave situação do agronegócio no Rio Grande do Sul. Proposta pelo deputado federal Afonso Hamm, a iniciativa visa encontrar soluções urgentes para os desafios que assolam o setor, como os