Entre tantas coisas que aprendi com meu pai uma delas é valorizar tudo que é feito com esmero. Diante de um craque em qualquer ofício, o velho Giba dizia:
– Cevar um bom chimarrão ou lapidar uma pedra preciosa para transformar em joia são trabalhos que exigem dedicação, capricho e conhecimento. Por isso, sempre se deve valorizar.
Como repórter, conheci pessoas únicas em funções triviais, mas o capricho era tanto que rendem admiração e respeito. Falar ao microfone parece fácil, mas poucos têm a competência de mestre como Sérgio Zambiasi. Conheci Zamba – apelido entre amigos – na Rádio Farroupilha. Eu era repórter da Zero Hora e ao chegar no estúdio fiquei impactado com a devoção de centenas de ouvintes que queriam conhece-lo pessoalmente. Popular e carismático, o radialista de Nova Bréscia virou fenômeno político, batendo sucessivos recordes de votações como deputado estadual e senador.
Depois de vários mandatos Zambiasi voltou ao microfone. Hoje brilha em uma emissora de menor repercussão, mas continua líder de audiência na Rádio Caiçara. Costumo ouvi-lo aos sábados. O carisma se mantém intacto. A quantidade de mensagens, o carinho dos ouvintes e o volume de publicidade comprovam que ele não parou no tempo. Continua atual, fiel ao seu público através de um linguajar simples e direto que influencia o ouvinte.
Zambiasi tem sensibilidade para conquistar a intimidade do ouvinte. Ignora o “politicamente correto” para falar sobre novela, futebol, horóscopo, celebridades, fofocas da cidade e tudo que o público gosta de ouvir. Muitos torcem o nariz para a comunicação feito por ele por causa do preconceito com o conteúdo popular. Sucesso com o povão incomoda muita gente que vê só uma forma de assistencialismo, ocupando um espaço que os órgãos públicos deveriam prover. Cadeiras de roda, colchões d’água, andadores, medicamentos, bengalas. São objetos que mudam a vida de pessoas pobres e carentes e que são captados a partir de pedidos no microfone imediatamente atendidos.
A legião de ouvintes de Sérgio Zambiasi ignora a tecnologia e acompanha o ídolo para onde ele for. Eles sempre estarão ao lado do ídolo que jamais se afastou do público que o consagrou. Parabéns, Zamba, pela coerência e respeito ao ouvinte!
Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]
