Todos os dias se ouvem reclamações sobre os políticos. A demonização desta atividade é tão antiga quanto à falta de comprometimento de muitos eleitores na hora do voto. Os detentores de mandato dão razões de sobra para que a imprensa descarregue munição pesada. Fatos negativos recebem tintas de cores berrantes. Seja na manchete ou no corpo das matérias veiculadas na mídia.
Em poucos meses teremos nova oportunidade para confirmar o nome de quem não nos decepcionou ou para corrigir o erro de quatro anos atrás. Vamos eleger presidente da república, governador, senador, deputado federal e estadual. É comum ouvir-se o conselho de buscar informações a respeito dos candidatos. Mas neste momento de guerra digital é cada vez mais difícil achar a verdade – com ponto e contraponto – e, pior ainda: identificar a verdade.
As frequentes reformas da legislação eleitoral, que são remendos mal feitos, quase sempre a cada dois anos, só piora a situação do eleitor. O tradi-cional horário político pouco ajuda. Muitas vezes por falta de conteúdo dos candidatos, mas também pelas limitações impostas pelos legisladores.
O voto, direito sagrado do cidadão, vem perdendo importância por diversos motivos. O principal, talvez, seja a falta de comprometimento do eleitor que ao invés de valorizar o mais sagrado instrumento da democracia considera o ato uma obrigação mesquinha. “Acordar cedo num domingo e ir votar é uma chatice”, reclamam muitos brasileiros.
Em países nem tão distantes daqui o voto há muito tempo deixou de ser uma conquista da população. Imposições, falta de liberdade, manipulações esdrúxulas do processo eleitoral e ambição desmedida de líderes populistas ofuscam a democracia, tão desejada quanto frágil.
O recente movimento que culminou com a criação de novos partidos e da mudança de agremiação de inúmeros políticos só aumentou a confusão entre os eleitores. É cada vez mais difícil saber “quem está em que partido”. Sem falar nas coligações oportunistas sempre com vistas a facilitar a escalada eleitoral.
Em outubro é preciso sobriedade para escolher nomes, além de com-prometimento na escolha e a convicção de que cada voto é fundamental para minimizar todo sofrimento e prejuízo dos últimos dois anos.
Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]