A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quarta-feira (30), a Operação Cisplatina II, destinada a investigar um núcleo de operadores financeiros especializado nas práticas de evasão de divisas, de câmbio ilegal e de lavagem de dinheiro. O núcleo investigado tem estreita vinculação com os investigados na primeira fase da operação, ocorrida em setembro de 2020. Durante o cumprimento de um dos mandados, um dos policiais foi atingido por disparo de arma de fogo, partindo do morador que estava no interior da sua residência. Logo após, o atirador se entregou e foi preso. O policial foi levado à Santa Casa, onde recebeu os cuidados médicos de emergência e não corre risco de vida.
Policiais federais cumprem sete mandados de busca e apreensão, além do bloqueio de contas bancárias e apreensão de veículos, em Sant’Ana do Livramento. As medidas foram expedidas pela 7ª Vara Criminal da Justiça Federal em Porto Alegre.
O grupo criminoso investigado é radicado em Livramento e é responsável por uma longeva atividade no mercado financeiro paralelo. Os alvos da operação estão vinculados ao grupo que já foi alvo de investigação pela Polícia Federal. Segundo a PF, apesar da atuação da Polícia Federal em 2020, parcela dos operadores manteve-se em atividade, inclusive absorvendo o trabalho que era desenvolvido pelo grupo que foi preso.
A investigação demonstra que, desde 2013, os investigados atuam no recebimento de valores e na posterior remessa ao exterior. O mapeamento das atividades indica que o grupo recebeu, aproximadamente, 140 milhões de pessoas e empresas de todo o país, interessadas no envio desses valores ao Uruguai, através de Rivera. Somente no período entre 2018 e 2021, o grupo movimentou ao menos R$ 61 milhões.
Segundo a PF, o enfoque dado se deve ao grande volume de dinheiro que circula paralelamente na região da fronteira com o Uruguai. Atuando em face de operadores do mercado paralelo de câmbio, a Polícia Federal atingiu o fluxo financeiro de grande parte dos crimes transnacionais cometidos por intermédio da fronteira. “O monitoramento econômico das atividades criminosas deixa evidente que, a cada operação que focaliza o mercado paralelo de câmbio, delitos como o tráfico de drogas e de armas, o contrabando e o descaminho são fortemente impactados financeiramente”, explicou a PF, em nota.