qua, 8 de janeiro de 2025

Variedades Digital | 04 e 05.01.25

UM CAFÉ PARA DOIS. E PARA CURIOSOS!

Buenas!

 

            Ela aparentava ser uma mulher que passara dos cinquenta e poucos, elegante, morena, magra, altura mediana. Poderia dizer 1,60, mas se fosse uma mulher nórdica, não seria uma altura que poderia classificar como mediana. Ainda bem que essa cena se passou no Brasil. Apresentava uns ares de quem viveu seu tanto, mas que viveu bem. Não ostenta em seu rosto aqueles preenchimentos de alguma coisa artificial nos beiços, testa, ou em qualquer outra das tantas interferências que, hoje, fazem com que as mulheres ostentem a mesma artificialidade que as modernidades chamam de harmonização facial (sic). Ouso afirmar que aparentava um orgulho discreto e bem resolvido dos anos passados e vividos.

Eis que chega um rapaz jovem, loiro com alguma tintura, de altura mediana, que, nestas terras, gira em torno de 1,70. Devia ter seus vinte anos, talvez mais, talvez menos. Usava um moletom amarelo, uma bermuda escura e tênis, contrastando com a calça social e sapato baixo, ambos escuros, e a blusa verde que a mulher vestia, como parecia vestir uma expressão de leveza diferenciada que veio com a idade.

Já ele não conseguia disfarçar certo nervosismo ao sentar-se diante dela. Antagônicos, com certeza, porém, o que me chamou a atenção foi o diálogo:

– Bem vindo, que bom que chegou! – Disse ela após esperar pacientemente o rapaz, aproveitou para apreciar aquela cafeteria ímpar, pois era integrada a uma livraria com livros novos e usados à mão cheia, abertos para degustação por entre goles de café e mordidas em salgados apetitosos.

– Desculpe o atraso, tava no trabalho. – Retrucou o rapaz, voz baixa, olhar que não fixava nela de jeito e maneira, sem observar que ela não alertou para seu atraso, apesar de ter notado, entregando somente um sorriso.

– Está nervoso? – perguntou, ainda sorrindo, porém com discrição, sem nenhum ar de arrogância.

– Sim, é a minha primeira vez – argumentou, falando baixo.

E agora? pensou o curioso ouvinte de pé orelha. Será que… Essas reticências significam muitas coisas, elas costumam vir carregadas de certa desconfiança preconceituosa. Será que… Bem, poderia aqui me omitir, mudar de assunto, porém, não é esse tipo de atitude que molda uma escrita com algum conteúdo. Vamos ao que pensei: será que eles marcaram um encontro, no estilo daqueles sugar daddy ou sugar mommy? Desculpe, não domino o uso dessas nomenclaturas contemporâneas e importadas que atravancam nosso cotidiano.

Confesso, foi um prejulgamento, não seria hipócrita de negar. Sim caros leitores, sou um pecador, afinal, humano. Apesar disso, perdoo os mais afoitos que já determinaram que devo ser imolado em praça pública amarrado em um tronco e pisando em lenha flamejante. Não que não o fosse merecedor, certamente o seria caso vivêssemos em eras priscas e medievais, tempos tenebrosos e com religiosidade exacerbada.

Nos dias atuais tenho a impressão de que eu poderia, também, ser jogado ao fogo não pelo preconceito, mas sim, por ficar a ouvir da vida alheia, apesar de este ser o esporte preferido de oito em cada dez viventes, basta ver as redes sociais e os programas de TV. Mas tenham calma, eu estava sentado em uma mesa próxima e, apesar de ler um livro, a atenção auditiva estava toda ela naquela dupla dicotômica e seu diálogo. Gosto desse costume, frequentar cafés, beber um livro, ler uma boa xícara de expresso, respirar um quindim, ouvir olhares alheios, enxergar frases aproveitáveis…

Estava eu diante de um dilema, desviar a atenção como pudesse ou tentar entender aquele mundo moderno que se descortinava em minha frente? Como todo escritor que se preze, só faltou eu pedir para sentar na mesa deles e dizer: – continuem!, com ênfase e êxtase. Foi por um triz.

Eis que, por entre um folhear de livro e outro, fingindo atenção ao texto que não conseguia mais ler, compreendi do que se tratava o assunto. Pasmem apressados julgadores, o Inferno de Dante está cheio de vocês! Vou explicar.

– Tu já viajou para longe com amigos?

– Sim, já fui no verão, acampamos em Santa.

–  Mas minha filha nunca foi sozinha com namorado para nenhum lugar.

Pronto, tá aí o que vocês e eu queríamos ouvir, para nos desarmar de qualquer prejulgamento preconceituoso. Ela, nada mais era, que uma mãe zelosa, que marcou um encontro com o namoradinho da filha, um guri que mal saiu das fraldas, para conhece-lo melhor, ver suas intenções, entender o que ele fazia e saber se o menino tinha um mínimo de responsabilidade para cuidar de seu “bem mais precioso”, como ela descreveu sua menina. O jovem rapaz precisou apresentar suas credenciais à zelosa progenitora para ter direito a cortejar.

Eu, cá de minha mesa onde monitorava a conversa alheia digo às gentes – como eu – que não sejam tão apressados em julgamentos da vida alheia. Se a gente agisse assim mais vezes, teríamos maior harmonia entre as pessoas, principalmente naqueles que se deixam dominar por opiniões e informações falsas das redes sociais que por agora dominam nosso cotidiano.

Indo além, penso que, se tivéssemos mais mães cuidadosas como essa, certamente nossos filhos seriam pessoas mais tranquilas, responsáveis e dedicadas ao bem maior que lhes proporcionou: suas próprias vidas!

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