A história de uma agente penitenciária

A semana de homenagens a elas não poderia terminar de outra maneira, a não ser com a história de mais uma mulher forte que enfrenta muitos desafios no seu dia a dia, que não deixa de correr atrás de seus objetivos superando obstáculos e desafios. Nesta edição você conhecerá a história de vida e superação da agente penitenciária santanense Maria Ionara que trabalha na Penitenciária Estadual de Sant’Ana do Livramento.
Maria Ionara Rodrigues Melo, 39 anos, ingressou na Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) há 11 anos, tem três filhos e é mãe solteira. Ela conta que, em 2006, fez a prova para a Susepe. Passaram-se quatro anos e ela foi chamada para o cargo. “Eu achei que nunca mais iriam me chamar. Foi quando um amigo entrou em contato comigo e disse que meu nome estava na lista de aprovados de uma nova turma. Nesta época, eu já tinha dois filhos e eles eram pequenos. E foi quando eu comecei a treinar para o teste físico que era basicamente corrida e resistência, pois a prova seria naquela mesma semana. Lembro que, quando fui fazer a prova física, era muito calor. As pessoas estavam desmaiando e a minha prova ficou para a tarde. Quando chegou a minha vez, minutos antes veio uma chuva e acabou refrescando. Consegui fazer a prova com muita calma e com ajuda de Deus fui aprovada”.
Ionara começou a trabalhar na Susepe em 2011, na Penitenciária Feminina Madre Pelletier, em Porto Alegre. “Era um grande desafio porque tinha os três filhos pequenos. A minha mãe me ajudou muito. Mesmo ela trabalhando, foi quem mais me ajudou com eles. Quando eu saía de casa eles ficavam chorando e isso me partia o coração. Passava 15 dias fora de casa. Sempre lutando. Quando completou dois anos lá, consegui a transferência para Uruguaiana. Estava um pouco mais perto de casa, onde trabalhei por sete anos. Em 2020, eu consegui a transferência para Livramento, onde trabalho há dois anos. Foi tudo conquistado com grande sacrifício”, conta ela.
Sobre o trabalho no dia a dia, ela comenta que, atualmente, são 17 apenadas na Penitenciária Estadual de Sant’Ana do Livramento e que um bom relacionamento é a base de tudo. “Eu gosto de trabalhar com elas, mas é muito desafiador pois tem a questão emocional, às vezes elas estão meio deprimidas, então a gente precisa ter um jogo de cintura e uma habilidade porque o estar presa mexe muito com o sentimental delas. E não importa o que elas fizeram fora da penitenciária, elas são seres humanos. Tenho muito respeito e uma boa comunicação com todas”.
Ela comenta que o dia a dia de agente penitenciária e mãe é bastante corrido. “Não é fácil ser pai, mãe e dona de casa ao mesmo tempo. Hoje valorizo e gosto muito do que faço porque estou aqui em Livramento. Amo o que eu faço e aprendi isso com meu pai, que foi brigadiano. Ele morreu já faz 18 anos, mas sempre carrego isso comigo”
Ionara também é uma das únicas agentes da Susepe no município que possui a carteira de habilitação categoria D, que lhe possibilita dirigir as viaturas de escolta. “É um trabalho arriscado, porque a gente sai de casa e não sabe se volta. Não é fácil ser mulher e trabalhar no sistema penitenciário, tem muito preconceito e discriminação, porque dizem que nós somos frágeis e isso não é verdade. Nós somos fortes e guerreiras. Gosto do que faço”, encerra.