O que para outras culturas têm sido um grande problema, para a produção de uvas na região da campanha gaúcha foram os ingredientes perfeitos, tanto para a qualidade e sabor das frutas, quanto pela quantidade e rendimento por hectare. O clima seco, as altas temperaturas deste verão e a quantidade exata de frio com recordes históricos no inverno de 2021 são a combinação perfeita para uma safra excepcional em 2022.
A vinícola Almadén/Miolo, localizada na região de Palomas, em Sant’Ana do Livramento, que detém o título de maior vinhedo do Brasil e um dos maiores da América, com 450 hectares e prevê uma safra recorde. “Nós começamos a perceber este aumento já no amadurecimento das uvas mais precoces no início de janeiro e foi justamente aí que começou o período mais crítico da seca. Nós sabemos que este clima é muito ruim para pecuária e agricultura, mas para a uva este clima é o ideal. Por ela ser de natureza de uma região desértica é algo extremamente favorável”, destaca o engenheiro agrônomo Fabrício Domingos, gerente da unidade.
Segundo Fabrício, os vinhedos da Almadén não foram prejudicados com a estiagem, pelo contrário, foram favorecidos com os dias mais quentes. “A safra deste ano promete ser a maior e melhor de todas até agora. Em 2020, tivemos já um acréscimo na produção com um aumento significativo, o melhor em 10 anos, podemos dizer assim. Em 2021, tivemos uma supersafra melhor ainda. E agora, por reflexo de todas essas condições climáticas, a produção vai superar os nossos recordes com aproximadamente 5 milhões de quilos que transformados em vinho chegam a 4 milhões de litros”, comenta.
Desde 1976, a Almadén está instalada em Sant’ana do Livramento quando foram adquiridas terras por uma multinacional, de lá para cá a empresa teve como investidores americanos, canadenses e franceses. Já no ano de 2009, o Grupo Miolo, da Serra Gaúcha, adquiriu a vinícola e passou a operar no município. A empresa se destaca pela excelência dos seus produtos, também por ser pioneira em vários quesitos em relação à produção vitivinícola brasileira. “A Almadén foi destaque em desenvolvimento de várias tecnologias como, por exemplo, o início da colheita mecânica experimental em 1998. Já no ano passado, nós adquirimos uma segunda máquina e, hoje, são duas colheitadeiras trabalhando nos vinhedos. Além disso, nós seguimos também trabalhando com a colheita manual quando no período de safra nós geramos 120 empregos. E durante o ano trabalham na unidade 80 pessoas” destaca.
Turismo
Fazendo parte de um dos empreendimentos do Roteiro Turístico Ferradura dos Vinhedos, a vinícola agora se prepara para entrar em uma nova fase, deixando de ser apenas uma unidade de produção, mas também investindo na visitação turística.
Para isso a empresa está passando por uma série de mudanças estruturais e organizando vários atrativos para os visitantes. Entre eles, o tão sonhado passeio de trem nos mesmos moldes da Maria Fumaça da Serra Gaúcha. Para isso, a empresa está trabalhando no projeto em parceria com a Giordani Turismo que será responsável por administrar o passeio que deverá ser ofertado ainda no primeiro semestre de 2022 conforme apurado pela reportagem junto ao responsável pela área de projetos da empresa, Eurico Benedetti.
“Nós iniciamos as obras em novembro do ano passado, quando fechamos a unidade para as reformas. O projeto conta com todo um complexo enoturístico onde o visitante poderá conhecer um pouco da nossa história, fazer degustação, se inteirar da tecnologia aplicada em todo o processo e fabricação do vinho. É um investimento muito grande que o Grupo Miolo vem fazendo, pensando neste setor. Com o aumento do consumo de vinho na pandemia, quando o Brasil teve um crescimento de 30%, e busca por novas experiências, a empresa viu neste mercado uma oportunidade de fazer novos investimentos. Então, com o crescimento deste setor, aliado também à conquista do Selo de Procedência, adquirido pelos vinhos da Campanha, a Almadén pretende fortalecer ainda mais a economia da região com o advento do turismo”, encerrou Fabrício Domingues.