A fronteira é internacionalmente reconhecida por ser um celeiro de grandes talentos da música. É o caso de Matheus Davi Medina, rapper de 19 anos, nascido em Sant’Ana do Livramento. Medina, como é conhecido, viveu boa parte de sua vida em Caxias do Sul, mas é no bairro do Prado, onde vive hoje, que sempre buscou inspiração para compor suas músicas. “Mesmo quando morei em Caxias, nunca deixei de manter essa ligação com Livramento, pois parte da minha família continuou aqui e eu vinha visitar eles sempre que podia”, conta Medina. Foi também com sua família também que o jovem conheceu a música, ainda na infância. “Lembro que meu tio ouvia de tudo, de pagode a cumbia. Também ouvia muito rap, e foi esse estilo que mais me marcou. Cantava em casa junto com eles”, lembra o rapper, que começou a dar seus primeiros passos na música aos 12 anos, ainda como uma diversão.
E foi assim, se divertindo, que ele tem alcançado números relevantes nas redes sociais. Somente a prévia da música “Do Nada”, ainda não lançada, alcançou 20 mil visualizações no Instagram. Há cerca de duas semanas, lançou seu primeiro single “Shawty”, que já possui 3 mil visualizações no YouTube. As rimas compostas por Medina traduzem a realidade de muitos jovens, que assim como ele, entendem as dificuldades do dia a dia, mas buscam uma vida confortável e divertida. “Meu sonho é poder viver da música e poder levar o nome do meu bairro e da cidade pra todo o Brasil”, explica Medina. Ele conta que há muita gente talentosa no rap e no funk em Sant’Ana do Livramento, mas a falta de incentivo faz com que muitos desistam de fazer música. “Acho que pelo fato da cumbia e da música tradicionalista serem muito fortes aqui, outros estilos acabam não tendo muito espaço. A coisa mais importante que falta pro rap na fronteira é visibilidade”, enfatiza o rapper.
Sua história guarda semelhança com a de seu maior ídolo, o rapper mineiro Djonga. Nascido na periferia de Belo Horizonte, Djonga revolucionou o rap nacional alcançou projeção internacional falando sobre temas próprios da sua realidade, que se confunde com a vida de milhões de jovens negros no Brasil. E é assim, com foco nos objetivos e consciência de seu talento, que Medina busca inspirar jovens na fronteira a desenvolverem sua arte, sem medo de sonhar grande.