Nas últimas semanas a região da Campanha e Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, e o norte do Uruguai têm enfrentado uma onda de queimadas em áreas rurais sem precedentes, segundo os registros de vários produtores que têm utilizado, principalmente, as redes sociais para mostrar o problema. Somente em Sant’Ana do Livramento, há registro de áreas inteiras de campo nativo que foram perdidas pelo fogo nas estâncias Novo São João, Santa Orfila, Estância da Sociedade, Estância Sarandi, na região do Sarandi, Santa Rufina, na região do Cerro Chato e em propriedades rurais de Santa Rita onde uma força tarefa dos próprios agricultores foi montada para combater os incêndios.
Os prejuízos ainda estão sendo contabilizados pelos produtores, mas até agora segundo balanço parcial apurado pelo Jornal A Plateia, já são pelo menos mil hectares perdidos de áreas tanto de pecuária como de agricultura. O agravante é que muitas dessas propriedades têm foco no trabalho de conservação do campo nativo e do bioma pampa desenvolvendo uma pecuária de sustentabilidade. Como é o caso da Estância Sarandi, de propriedade de Otto Alves, que na última quinta-feira (6) registrou uma perda de aproximadamente 400 hectares. A reportagem esteve no local acompanhada pelo prefeito em exercício, Evandro Gutebier, e pelo vereador Maurício Galo Del Fabro que conversaram com o proprietário.
“ Foi um dia muito triste. Ainda mais pra gente que é ativista do campo nativo. O fogo começou no corredor, não sabemos como, e se espalhou para dentro do campo. Foi muito rápido. Perdemos uma grande área. Por sorte o gado não foi atingido, falta a contagem das ovelhas. Graças a ajuda dos vizinhos e amigos que vieram de várias localidades e trouxeram tratores e maquinário nós conseguimos conter o fogo. Quero agradecer ao Corpo de Bombeiros que esteve aqui, todos eles com muita boa vontade, mas acredito que tenha que ser feito um investimento melhor em equipamentos. Talvez um grupo especializado. Porque as dificuldades enfrentadas por eles são muitas”, disse o produtor Otto Alves enquanto olhava para campo devastado.
Já o prefeito em exercício disse que a visita em in loco foi fundamental para ver de perto a situação dos produtores da região do Sarandi. “ Nós estamos aqui para demostrar que o poder público está sensível a esse problema que está atingindo tanto a agricultura quanto a pecuária do nosso município e para dizer que juntamente com a Câmara de Vereadores, Sindicato Rural, EMATER e demais entidades queremos buscar algumas alternativas para essa questão”.
Quanto à elaboração de um decreto de emergência por conta da estiagem, Evandro disse que o munícipio está aguardando dados oficiais das perdas para encaminhar o pedido à Defesa Civil. Já o vereador Maurício Galo Del Fabro, líder do governo na Câmara aponta a importância da articulação de todas as forças para resolver o problema. “Neste caso aqui do Sarandi podemos destacar a ação em conjunto do Poder Executivo, Legislativo e o Sindicato Rural na pessoa do presidente Luiz Carlos D’Auria Nunes que, rapidamente, entrou em contato com vários órgãos solicitando apoio. Entre eles, a chefia estadual do Corpo de Bombeiros que atendendo ao pedido do Deputado Frederico Antunes ordenou que todas as guarnições da região se deslocassem para combater esse incêndio. É claro que não é o suficiente, precisamos de outras alternativas que irão ser discutidas em reuniões que já estão marcadas com o governo estadual.
Uma dessas alternativas, conforme o presidente do Sindicato Rural, é solicitar ao estado a criação de uma Brigada especializada no combate de incêndios na zona rural como já existente em outras partes do país. “Na próxima semana vamos agendar algumas reuniões com a FARSUL e governo do estado para solicitar essa questão. Que se tenha, por exemplo, veículos menores equipados para acessar esses locais. Sabemos do problema das estradas que também é um dificultador para os caminhões, mas precisamos de uma solução urgente”, disse Luiz Carlos D’Auria Nunes.