Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]
Com o passar dos anos as reminiscências do passado estão cada vez mais presentes. Alguns chamam de saudosismo. Outros de “volta às origens” e um terceiro grupo de “mania de velho”. Nesta levada, dia destes ao passear com o cusco maltês aqui de casa me lembrei do verdadeiro terror que a minha geração tinha pelos cachorros vadios que vagam perdidos pelas ruas.
O temor desta época – eu tenho 61 anos – eram os chamados “cachorros loucos”, cuja mordida levava à morte dolorosa que incluía delírios, dores lancinantes e muito sofrimento. A raiva – busquei informações na internet – pode ser transmitida por todos os mamíferos “incluindo ruminantes, felinos e até morcegos”.
Segundo a literatura existente, até 2003 os cães eram os principais transmissores da raiva para os humanos no Brasil. “Com uma evolução muito rápida, a raiva mata quase 100% dos pacientes infectados não só nos cães, mas também seres humanos”.
Com a mudança de costumes, a vacinação de cães tornou-se quase tão comum quanto à imunização de crianças e adultos. Os mascotes hoje são onipresentes. Impressiona a quantidade de peludos circulando por aí. Basta percorrer ruas, praças e parques. Neste quesito, a moda mais recente é levar animais de estimação ao shopping e outros locais públicos fechados, o que, por vezes, cria problemas.
Dia desses almoçava no Iguatemi de Porto Alegre quando uma senhora com a cadelinha debaixo do braço tentou acessar o espaço de bares, restaurantes e hamburguerias. O segurança advertiu a dita cuja sobre a proibição.
– Mas como? A pandemia está sob controle… eu minha cadelinha estamos vacinados! – bradou a mulher.
Diante da insistência, o segurança pediu reforço para explicar que não se tratava de uma medida sanitária ligada à covid, mas sim, uma questão de higiene para manter animais – vacinados ou não – distantes do da praça de alimentação.
Voltando ao início da crônica, o medo do ”cachorro louco” povoou minha infância e adolescência vivida na colônia e depois em uma cidade pequena. Hoje superei este temor, substituído pelo amor aos cuscos que costumo atrair com assobios para fazer um carinho.
Como os animais circulam com desenvoltura por nossas casas, eles já se tornaram membros da família. Comparados a alguns seres humanos até são muito mais inofensivos e amigáveis que seres humanos conhecidos meus…