Final de ano é tempo de correria, de confraternizações que se multiplicam. Amigos, colegas de trabalho, familiares, vizinhos do condomínio. Parece que todos decidiram reunir a galera no mesmo período, marcado pela necessidade de compatibilizar as festas de encerramento dos trabalhos, a busca de presentes e a consequente corrida ao shopping.
Dezembro também é época dos balanços de vida, da análise de desempenho na carreira profissional, de traçar objetivos para o ano que chega. Ao longo do confinamento muita gente fez isso pela necessidade de mudar a rotina cultivada há muito tempo.
Conheço amigos que depois de dois anos de isolamento transformaram o cotidiano. Introduziram hábitos alimentares saudáveis, começaram a praticar exercícios físicos e se livraram de entulhos materiais e emocionais. Ou seja, conseguiram transformar o confinamento em mudanças efetivas.
Outros, no entanto, agravaram situações de angústia, de depressão, aprofundaram a solidão. Muitos não conseguiram “dar a volta por cima”, buscando tratamento ou sendo socorridos por amigos atentos às mudanças de comportamento.
Quando parecia que dezembro seria a nossa redenção de todos nós, da normalização do cotidiano, as esperança foram torpedeada por novas notícias negativas. Apesar disso o surgimento de um ano novinho em folha se assemelha às obsoletas agendas de papel que continua na minha mesa de trabalho.
A primeira tarefa ao adquirir a agenda “zero km” é revisar cada um dos 365 dias para assinalar o aniversário de amigos, de datas marcantes que merecem comemorações e do eterno “vencimento dos boletos” que têm, como consolo, saber que alguém se lembra de nós.
A conferência de cada dia também reserva tristezas, como o aniversário de amigos que nos deixaram. Fica, porém, o consolo de comemorar mais um ano de vida de tanta gente querida, parceiros de jornadas históricas, de churrascos memoráveis, de viagens inesquecíveis.
Encarar 2022 com otimismo não é uma atitude de otimismo ou alienação. É uma postura de sobrevivência diante de tanta notícia ruim sempre com mais destaque que os fatos positivos. É uma nova oportunidade de 12 meses que surge no horizonte com a luz da esperança. Então… por que não acreditar?
Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]