qui, 23 de janeiro de 2025

Variedades Digital | 18 e 19.01.25

Bom senso e equilíbrio

Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]

Com o passar dos anos ficamos refratários a mudanças. Hábitos, convicções e ideias tornam-se tão sólidas que parecem aferradas ao cotidiano com cimento e ferro. Somos chamados com frequência de superado, impertinente, e cabeçudos diante da relutância em adotar mudanças.A tecnologia é o principal divisor de águas para sessentões como eu. É preciso compreendê-la ao menos nos princípios básicos para sobrevier no ambiente de trabalho.

Na rotina de trabalho convivo com dois guris que, por formação familiar e profissional – são ex-militares de 23 e 24 anos – prezam a hierarquia e o respeito. Desde o primeiro dia temos uma relação excelente de respeito mútuo.
Eles entenderam que para produzir um vídeo e postar um comentário nas redes sociais é indispensável ter conteúdo, isto é, texto. E neste quesito tenho larga experiência. Várias vezes por dia eles encaminham demandas com o respectivo tamanho cuja tarefa cumpro à risca.
Fidelidade é um termo lindo que expressa um sentimento nobre, cada vez mais raro que é um dogma na minha vida. Fiquei amigo do cabeleireiro – que chamo de barbeiro – que há 20 anos tosa meus ralos e grisalhos cabelos, com atendimento a domicílio depois do expediente no salão em que trabalha. Houve época em que ele também atendia meu casal de filhos. Ele ganhava um bom dinheiro e eu “matava três coelhos com uma única tesourada”.

Durante anos comprei roupas na mesma loja e com a mesma vendedora, cujo talento para vender era incomum. A eficiência era tamanha que quando um familiar queria me presentear ia à loja pedir sugestões para o tipo e a cor da roupa.
O mundo era mais simples antes do domínio da tecnologia e da proliferação de opções em todos os segmentos. Fazer compras no supermercado mostra isso. Há corredores inteiros com ofertas de um único produto, como material de limpeza. Antigamente, como dizia minha mãe, sabão de glicerina era usado para lavar a roupa, a casa e a cozinha e, de quebra, usar no banho.
O desafio da vida é equilibrar convicções com novidades que facilitam o cotidiano. Tão ridículo quanto buscar a fonte da eterna juventude – com resultados esdrúxulos de sucessivas cirurgias plásticas, por exemplo – é lutar contra as novidades. Como dizia o velho Giba, meu pai, o bom senso está sempre no equilíbrio, jamais nos extremos.