Buenas!,
Temos duas efemérides diferenciadas nesta semana e vocês sabem o quanto gosto delas. Aliás, tenho predileção por essa palavra tão incomum em nosso vernáculo. Já devem ter notado, mas hoje estou bastante erudito, tenha paciência…
O último sete de setembro carregou em si uma carga imensa de simbologias do passado e muitas incertezas para o futuro. Esperanças de golpe frustradas, noves fora, Brasil segue, meio desaprumado, é verdade, mas isso não é de hoje. Inclusive, sabemos que o grito do Ipiranga foi uma criação ficcional, pois Dom Pedro I não cavalgava um corcel, como mostram as pinturas históricas. Ele viajava montado em burros, considerava mais confortáveis. A atual gritaria do último dia sete, também mostrou-se uma peça de ficção, que em breve, fará parte somente dos folhetins digitais históricos.
Agora lhes pergunto, bem informados leitores, como será, no ano que vem, o próximo setembro, quando esta data marcará os 200 anos de independência desta neófita nação? Também não sei, minha bola de cristal está turva, mas já aviso de antemão: eleições estarão no horizonte. Não preciso desenhar que possa ser mais confuso ainda, não concordam?
Outra data marcante, mas que não deverá ser comemorada, mas sim lembrada, é o 11 de setembro, que transcorreu há exatos 20 anos. Certamente vocês já ouviram esta pergunta: onde estava no 11 de setembro? Poucos fatos históricos tiveram tamanha relevância a ponto de tornar-se um substantivo.
Ninguém vivo, com pelo menos trinta anos e com um pingo de senso crítico consegue esquecer daquelas imagens, dos aviões chocando-se contra as torres mais famosas dos EUA. Até quem nasceu depois, ao ver os vídeos pela primeira vez, sente o impacto da queda dos dois maiores prédios de Nova Iorque e do mundo. Mas quem viu ao vivo…
Eu vi: estava trabalhando e ouvia o rádio. Prontamente liguei a televisão e pude vislumbrar, estupefato, o choque da segunda aeronave, ao vivo, ninguém me contou, nem deu tempo de editar as imagens. Já parou para pensar em tudo que aquilo representou? Eu perguntei-me na época: por que estes prédios? E concluí que havia um motivo para a escolha. Tentarei resumir, pois um assunto destes gera, há décadas, centenas de teorias conspiratórias, que permitem dedicação de horas ao assunto. Algumas delas chegam a afirmar que os aviões são fruto de edição digital, nunca bateram, e as explosões foram com bombas. Não é de hoje que a indústria das fake news tenta tomar conta dos debates…
Quanto aos americanos, dominavam o mundo. A fleuma do comunismo russo estava murcha, enquanto os chineses ainda não tinham abocanhando seu quinhão mundial. Os prédios eram símbolos do poderio e do domínio do planeta por parte dos EUA após o final da Guerra Fria, representavam o que os terroristas queriam derrubar. Com a queda, atingiram o coração do capitalismo, causando um estrago gigantesco na estrutura americana. Foi o maior atentado da história e tudo estava ali, passando em nossas telas.
Muitos filmes, documentários e livros, além de youtubers, já trataram deste assunto tão espinhoso, mas não podemos esquecer que ainda hoje sofremos consequências daqueles atos. Uma das mais recentes foi a retirada das tropas americanas do Afeganistão, invadido por ordem do Bush filho como resposta ao atentado. Invasão que não resolveu o problema daquele país, mas garantiu grandes investimentos na área militar, o setor que mais recebe dinheiro da cúpula governamental americana.
Dezenas de atentados se sucederam e vidas se perderam nos últimos vinte anos. Aquele ato friamente calculado não derrubou somente dois prédios e matou quase três mil pessoas, ele mudou a rota planetária, metafórica falando. Não somente os EUA ou o Afeganistão – ou o Iraque, que também foi invadido sob a desculpa de possuir armas de destruição em massa que, por sinal, nunca foram encontradas – sofreram com aquele ato. Centenas morreram nos atentados que pipocaram pela Europa nos anos subsequentes e milhares morreram nas invasões e na manutenção deste sistema, inclusive nas retiradas, como vimos no mês que passou.
Muito ainda se falará deste dia, mas, do mesmo modo que o 7 de setembro mudou para sempre a história do Brasil, o 11 de setembro mudou a conjuntura histórica do mundo. E, do alto da minha ousadia, arrisco afirmar que este dia poderá ser, futuramente, enquadrado como um dos marcos históricos, como o fim do império romano ou a queda de Constantinopla.
Com ponderação e parcimônia, caberá aos historiadores dos tempos vindouros, lerem cronistas como eu – entenderam a importância do uso de expressões cultas e rebuscadas nesta crônica? – para saberem onde instalar mais um marco temporal que permitirá uma compreensão da nossa história.
Com isto, facilitará no amanhã o entendimento do que acontece no hoje, seja uma retirada atrapalhada de um gigante, seja uma gritaria sem rumo ou independência de um bravateiro.