As preocupação de que o Federal Reserve possa começar a reduzir estímulos ainda este ano, trazidas ontem pela ata do FOMC, aliadas ao avanço da variante delta, com potencial de atrasar o crescimento global, vão mantendo os mercados globais em queda neste início de quinta-feira.
A taxa de 10 anos dos títulos da dívida americana caiu dois pontos base e o dólar avançou para o nível mais alto desde novembro. O petróleo caiu pelo sexto dia seguido e um indicador de mercados mundiais apontou para a pior semana desde fevereiro.
Os investidores estão se preparando para a retirada de liquidez sem precedentes nos mercados globais, à medida que o mundo desenvolvido busca vacinações em massa para manter a recuperação econômica no caminho certo. No entanto, a disseminação persistente do coronavírus e a desaceleração do crescimento da China levantam questões sobre como a economia global poderá absorver o choque desta nova variante.
O próximo momento importante para os investidores é a conferência do Fed em Jackson Hole, Wyoming, durante os dias 26 e 28 de agosto, onde os investidores aguardam por um detalhamento maior sobre uma eventual redução do estímulo.
As ações europeias operam nas mínimas do mês. A avaliação das ações da Ásia-Pacífico da MSCI Inc. caiu 1,8%, onde pesaram especialmente as ações de empresas chinesas de tecnologia: O Alibaba Group despencou até 6,5%, para uma baixa recorde em Hong Kong, depois que a China atingiu a indústria com uma nova rodada de regulamentações.
O Bloomberg Commodity Index caiu para a mínimo de um mês, com o petróleo, cobre e minério de ferro também operando em queda.
Por aqui, uma reunião realizada nesta quarta-feira, entre diretores do Banco Central e analistas de instituições financeiras deixou clara a preocupação que está na mente do mercado: a economia entrou no “modo eleição”, e isso significa um risco enorme para as contas públicas, em um momento de projeções piorando tanto para a inflação quanto para os juros e o PIB em 2022.
Um dos reflexos do cenário mais incerto é sentido na taxa de câmbio. Nesta quarta-feira, o dólar subiu 2% e encerrou o dia cotado a R$ 5,3749, maior valor desde 4 de maio, em meio à preocupação de investidores com o cumprimento do teto de gastos.
Participaram 42 analistas do encontro desta quarta-feira. Pelo BC, estavam os diretores de Política Econômica, Fabio Kanczuk, de Política Monetária, Bruno Serra, e de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Fernanda Guardado. Eles não respondem a perguntas, apenas ouvem o que os analistas apresentam. Ainda serão realizadas mais duas reuniões nesta semana, com outras instituições.