dom, 30 de março de 2025

Variedades Digital | 22 e 23.03.25

O SOM DO SILÊNCIO

Procurei não fazer uma abordagem mais célere da cerimônia do Oscar desse ano, pois um dado bastante interessante foi divulgado após o festival. Esse ano foi a menor audiência da história do Oscar. Audiência esta que já vinha enfrentando quedas consideráveis nos últimos anos, sofreu uma queda brusca no ano de 2021. Isso se deve, claramente a uma série de fatores que tenho pouca propriedade para discorrer. Coisas como a própria influência da pandemia e de como a cerimônia vem se tornando repetitiva e entediante, sem nenhum tipo de “rejuvenescimento” de suas atrações e, esse ano, isso ficou bem claro. Há o fator de toda a desconstrução que a indústria cinematográfica vem tendo que lidar, tardiamente, diga-se de passagem, com uma inclusão maior das minorias nas produções Hollywoodianas, que parece ainda carecer de representatividade. Dessa forma, passarei a abordar os filmes indicados à categoria principal somente agora. Naturalmente, todos os filmes me agradaram, e como já disse, falo dos filmes que gosto na minha coluna e também já mencionei que os filmes do Oscar não devem ser analisados como os “melhores filmes do ano”, mas como competidores de um festival, sem qualquer outro juízo de valor a filmes que não foram indicados, por exemplo. 

O filme da vez trata-se de “O Som do Silêncio”. Indicado em seis categorias do Oscar, esse filme aborda a história de um jovem baterista de uma banda de Heavy Metal que, repentinamente, fica surdo e precisa enfrentar esse dilema. Com base nessa premissa o filme já tem muito o que desenvolver. Como imaginar a vida de um músico que começa a perder a audição? Alguém que vive do som que produz e ama o que faz e não consegue mais se escutar? Muito mais do que simplesmente encenar esse drama, o filme nos convida a conhecer a comunidade surda. Nos mostra o sofrimento do personagem, ao mesmo tempo que nos insere na convivência com outras pessoas surdas e como essas pessoas desenvolvem sua linguagem. Além disso, com um ótimo trabalho de edição de som, também somos convidados a sentir o que o personagem sente. A imersão trazida pela forma como o som é introduzido traz justamente os tipos de sensações esperados por alguém enfrentando essa situação. 

Inicialmente o personagem não quer aceitar essa condição. Além de não aceitar, passa a se desesperar com a situação. Imagine você não conseguir fazer o que mais ama e ainda perder sua fonte de renda. Ele, como baterista, não é integrante de uma grande banda de sucesso, ou seja, trabalha onde for e para quem quiser contrata-lo. A partir do momento que passa a não conseguir tocar seu instrumento com exatidão, passa a ficar insustentável manter suas apresentações. Posteriormente ele busca ajuda em uma comunidade surda e lá ele é provocado a conhecer as características dessas pessoas e de sua nova condição. Ainda reticente, o personagem busca ajuda médica e descobre que o único tratamento disponível para tratar sua surdez é de alto custo e de resultados com pouca garantia de sucesso. Essa dualidade entre seguir o caminho médico e o caminho da comunidade, que explora muito mais a condição de saúde mental, vai transformando o personagem e ao mesmo tempo inserindo, nós, espectadores, na comunidade surda que ele convive. Aprendemos então, a apreciar suas características, a língua de sinais, e a importância de desenvolver os demais sentidos.  

Deve ser destacado, além do belíssimo trabalho de som, as atuações presentes nesse filme. Os indicados ao Oscar Riz Ahmed e Paul Raci, trazem uma interpretação fantástica para seus personagens. É possível ficar convencido do desespero que o personagem principal sofre, pelos olhares vagos e dispersos que Riz Ahmed traz, e não só isso, mas é possível perceber em diversos momentos, mesmo em atitudes sutis, o quanto ele está desconfortável. Essa apreensão toda que o ator traduz, traz uma força incalculável para seu personagem e nos aproxima dele. Paul Raci, por sua vez, tem uma calma e uma naturalidade na interpretação que chega a ser louvável. Seus momentos são bem pontuais, mas quase cirúrgicos, tamanho é seu comprometimento. Feito os devidos destaques, o mais importante dessa obra, tão bem conduzida, é sua mensagem. Em nenhum momento o filme abomina a situação de enfrentamento de surdez, muito pelo contrário, dá largo apoio para aqueles que enfrentam essa situação e demonstra como essas pessoas que enfrentam essa deficiência tem lugar na sociedade e como o próprio filme gosta de destacar, muitas pessoas aprendem a conviver com a surdez, transformando sua forma de comunicação e explorando as belezas dessa condição, ao invés de buscar uma “cura” para surdez. Entende-se, portanto, que o tratamento médico não é a única solução para ouvir o som, há muito o que se dizer em silêncio. 

Inteligências múltiplas: humana, inata e artificial

Por: Abdon Barretto Filho (*ABF) A inteligência humana é uma das mais complexas manifestações da natureza. Caracteriza-se pela capacidade de raciocínio, aprendizagem, adaptação e criação de soluções inovadoras. Esta inteligência está profundamente ligada ao cérebro humano, mas também ao funcionamento integrado de todo o corpo, incluindo processos inconscientes que ocorrem a nível celular. Por exemplo, as células do sistema imunitário

Defesa de Bolsonaro Pode Chamar Hamilton Mourão Como Testemunha em Julgamento

Defesa de Bolsonaro poderá arrolar Hamilton Mourão como testemunha de defesa, na audiência do julgamento do processo da suposta tentativa de golpe de Estado, da qual Bolsonaro virou réu. Deverão questionar o motivo de seu vice-presidente não ter sido investigado nesse processo, ocasião que apresentarão evidências de sua conspiração com autoridades do governo “Biden” para prejudicar Bolsonaro. Fonte: Joaquim Ribeiro,