Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]
Admiro Mário Sergio Cortella. Ele se apresenta como filósofo, mas o considero o melhor cronista do cotidiano. O conteúdo das palestras são aulas de autoanálise. Ouvidas com atenção revertem na possibilidade de melhor comportamento, aumento de solidariedade e incremento da humildade no nosso dia a dia.
Neste final de semana deparei com uma palestra onde Cortella faz uma analogia da nossa existência com o filme “O Resgate do Soldado” Rayan. Um pelotão inteiro morre tentando salvar um único militar durante a Segunda Guerra Mundial. Ao final da trama, o comandante do grupo, vivido pelo ator Tom Hanks, pouco antes de morrer, sussurra no ouvido do alvo de tanto esforço.
– Faça por merecer!
O resto da palestra de Cortella vocês podem imaginar.
Nestes tempos de confinamento, medo, terror disseminado pela grande mídia e da politização de mortes muitos já pensaram sobre nossa trajetória terrena. Os distúrbios psicológicos se multiplicaram nesta pandemia. Alcoolismo, suicídios, uso de drogas, bipolaridade, desânimo de viver, alterações bruscas de humor e crises de pânico serão manchetes quando a imprensa fizer um mea culpa sobre o descaso com os recuperados da covid como antídoto para o medo.
Milhões de brasileiros padecem com danos colaterais à pandemia. Desempregados, sobrevivem de auxílios federais – apelidados pela esquerda de “transferência de renda”. Outros mantêm a família com favores de vizinhos, ajuda de parentes, solidariedade de amigos compadecidos com a miséria.
Será que nós, neste ano de pânico disseminado à exaustão, fizemos tudo que está ao nosso alcance? Ajudamos o tanto que pudemos? E no resto de nossa existência? O balanço final resulta em “lucro”? Ou seja, fizemos jus ao presente de fazer parte deste mundo, do privilégio da possibilidade de formar família, conhecer pessoas edificantes e aproveitar cada segundo para ajudar?
Digressões de uma tarde abafada de domingo, ao pé da churrasqueira pensando em Mário Sergio Cortella. O que vem depois? Bueno… aí seria “inticar” – como se diz lá na minha terra – e mexer com crenças, paixões e valores subjetivos.
Por hoje basta. Afinal, vocês, preclaro leitor/leitora… fez por merecer tudo que ganhou vida afora? Pense, pese, reflita e mude, se for o caso.